PERGUNTAS SEM RESPOSTAS

Morte de idoso a enxadadas ainda é cercada de mistérios

Advogados suspeitam da possível participação de uma terceira pessoa neste brutal assassinato

Alenita Ramirez/ [email protected]
14/10/2023 às 10:21.
Atualizado em 14/10/2023 às 10:21
Local onde o corpo da vítima foi desovado em uma rodovia mineira (Divulgação)

Local onde o corpo da vítima foi desovado em uma rodovia mineira (Divulgação)

Os advogados representantes da família do idoso Edézio Tomé dos Santos, de 76 anos, que tragicamente perdeu a vida ao ser brutalmente agredido com cerca de 20 golpes de enxadadas na cabeça no final do mês passado (setembro de 2023), em uma transportadora localizada em Sumaré, estão buscando a reconstituição dos eventos como parte do processo de esclarecimento do caso. Eles expressaram a necessidade desse procedimento devido à falta de clareza na motivação do crime e na identificação de eventuais cúmplices por parte do suspeito.

Conforme relatado pelos advogados, o suspeito, o motorista Joel Gonçalves do Nascimento, não esclareceu adequadamente durante seu depoimento as razões por trás do ato criminoso e se houve a participação de terceiros. Uma análise do vídeo que registra o incidente revelou inconsistências significativas em relação ao testemunho prestado por Nascimento. Elaine de Cássia Colicigno, uma das advogadas representantes da família e da acusação, explicou: "Está tudo muito obscuro, e após examinarmos o vídeo que mostra o crime, identificamos discrepâncias no depoimento dele."

De acordo com Colicigno, embora Nascimento tenha afirmado agir sozinho, os advogados suspeitam da possível participação de uma terceira pessoa. O vídeo das câmeras de segurança da empresa, ao analisado detalhadamente, revela um momento intrigante na décima segunda enxadada, onde parece surgir um "vulto" debaixo da luz redonda no lado esquerdo da gravação. A família considerou a possibilidade de contratar um perito para aprimorar as imagens, mas o custo associado a essa medida é inacessível para eles. Assim, planejam solicitar ao delegado do caso a viabilidade de pedir ao Instituto Médico Legal (IML) a reconstituição do crime como uma alternativa mais acessível e eficaz para esclarecimento dos fatos. 

Joel Gonçalves do Nascimento foi detido em Curvelo/MG, na região metropolitana de Belo Horizonte, e foi submetido a interrogatórios na quarta-feira perante os agentes do 3º Distrito Policial (DP) de Sumaré. O corpo da vítima foi descoberto mais de uma semana após o crime na cidade de Passos, a 290 km de Campinas, enterrado às margens da Rodovia MG-050, próxima a um hotel. Durante a investigação, os policiais civis de Minas Gerais encontraram uma picareta nas imediações, a qual foi apreendida. A MG-050 é uma rodovia movimentada que conecta a capital mineira a São Sebastião do Paraíso.

O corpo foi encontrado enquanto estava sendo transportado em um caminhão, que estava carregado e se destinava à entrega na Bahia. Os advogados argumentam que Nascimento, o suspeito, teria dificuldades em mover o corpo por quase dez metros, do local onde foi inicialmente encontrado, e colocá-lo no caminhão, considerando as dimensões da vítima e seu peso, superiores aos do suspeito. A advogada explicou: "Através da reconstituição, é possível comprovar que ele não agiu sozinho, e quem sabe essa terceira pessoa, se existir, possa ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu."

O suspeito alegou ter emprestado R$ 2 mil para a vítima e, ao cobrar a dívida, ele e sua família teriam sido ameaçados. No entanto, Elaine afirmou que conhece a família da vítima e assegura que Santos não pegaria dinheiro emprestado nem faria ameaças. No passado, o idoso era um cantor de música sertaneja e até gravou um disco. "Não acreditamos que foi essa a motivação. Três dias antes a vítima e o autor fizeram um evento de caldo de cana, inclusive foram juntos na casa do autor buscar a máquina de caldo de cana. Além disso, ele fala que tinha dinheiro guardado, mas a mulher dele nega. Então tem que pedir quebra do sigilo bancário".

A vítima desempenhava funções gerais no pátio há aproximadamente quatro meses, assumindo diversas responsabilidades no local. Além disso, residia em uma casa situada dentro do estacionamento. Na fatídica noite do crime, devido ao calor intenso, ele optou por colocar o colchão sob uma árvore, distante de sua moradia, em uma área rebaixada do terreno, onde adormeceu. Foi nesse momento que o agressor o atacou, utilizando duas enxadas para infligir ferimentos. Durante a ação, uma das ferramentas se quebrou, levando o criminoso a buscar outra para concluir o ato.

Joel Gonçalves do Nascimento, suspeito do crime, mantinha uma amizade de cerca de 30 anos com o proprietário da transportadora e trabalhava como motorista no local há dois anos. Embora o empresário tenha sido detido temporariamente, ele foi posteriormente liberado. Apesar de negar qualquer envolvimento no crime, o empresário estava ciente da viagem planejada, tinha conhecimento das imagens capturadas e, conforme relatado pelos advogados, nunca solicitou que o motorista retornasse a Sumaré em momento algum.

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