Apresentação da proposta contou com público reduzido, mas participativo
A Secretária de Cultura Alexandra Caprioli e membros da Pasta detalham em evento público ideia para Lidgerwood; local será utilizado para manifestações culturais de grupos de arte, dança e música (Alessandro Torres)
Cerca de 30 pessoas participaram da apresentação da proposta para o projeto de restauro e requalificação arquitetônico da antiga Fábrica Lidgerwood, na região central de Campinas, cuja proposta de transformação do espaço em um “museu das tradições vivas” foi divulgada com exclusividade pelo Correio Popular. O evento aconteceu no auditório do Centro de Educação Profissional de Campinas (Ceprocamp), na manhã de sábado (15), e a maioria das pessoas presentes no evento aprovou e elogiou a proposta. Ao menos dez delas fizeram sugestões que serão analisadas pela empresa que fez a proposta, principalmente voltadas para a futura estrutura do local, com olhar para a acessibilidade e inclusão.
Uma das pessoas destacou a necessidade de um fraldário, que ajudaria na questão da inclusão ao contemplar, por exemplo, mães e pais de crianças menores. Rampas de acessibilidade, algo já contemplado no projeto, e que são importantes principalmente para pessoas com deficiência, também foram solicitadas.
A artista Ema Frida, de 76 anos, tem um programa destinado à musica sertaneja e costumava usar o espaço para fazer os encontros. Na época, eram cerca de 100 espectadores e 20 a 25 duplas da região participavam. Ela disse que sente falta e tem admiração pelo prédio. A sugestão dada não foi das mais ambiciosas, uma vez que, para Ema, uma simples reforma já bastaria.
"Se tirasse somente as goteiras, já era o suficiente. Eu amo, acho lindo esse prédio. Não vejo a hora que fique pronto", disse.
De acordo com a secretária de Cultura, Alexandra Caprioli, o museu das tradições vivas vai receber as manifestações culturais da cidade, como grupos de arte, dança e música, para ensaios e apresentações.
"Quanto mais a vida estiver presente, com esses grupos ensaiando, melhor. A ocupação das pessoas faz a qualificação do local e garante a segurança", disse Alexandra.
O diretor de Cultura de Campinas, Gabriel Rapassi, afirmou que a intervenção será uma experiência nova, mas que é preciso encarar os desafios. As transformações que acontecerão no prédio incluem a integração das artes com a população do entorno e a acessibilidade.
Os que quiserem “cortar caminho” por dentro do prédio passarão ao lado de apresentações ou ensaios dos grupos artísticos e coletivos da cidade. As mudanças não vão interferir na estrutura original do prédio, que foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) em 1990.
O projeto, que ainda poderá incluir as sugestões da população, foi elaborado pela empresa de arquitetura H+F, a mesma que realizou o projeto de restauração para o Museu do Ipiranga e está realizando para o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Pela proposta, será feita a restauração do piso que foi removido, a recuperação do que foi demolido e do telhado, a criação de pátios internos e uma obra de paisagismo em um espaço onde, em maios aos tijolos, nasceu um mato.
Para usar o futuro atalho por dentro do imóvel, a proposta é fazer um portal de acesso pela Avenida Campos Sales e outro na Rua Lidgerwood. Durante o dia, as portas ficarão abertas e liberadas para o acesso das pessoas. Por dentro haverá uma espécie de praça, coberta, onde haverá um café com mesas para que os visitantes possam descansar e se alimentar, além de um sebo ou uma livraria.
Para o prédio, chamado de nave, serão feitas adaptações. O espaço terá dois pisos. No térreo, funcionará uma área administrativa e terá dois banheiros, camarim, cozinha, arquibancada e o auditório. Neste local, haverá portas de vidros que poderão ficar abertas ou fechadas, conforme quem for usar o espaço. O segundo piso será um mezanino destinado às oficinas educativas.
Segundo Ferroni, foi feito um levantamento de como era a fábrica em sua fundação, através de fotos antigas, para elaborar o projeto de restauração. Foi necessário usar a tecnologia para chegar próximo do que era.
“As intervenções são no sentido de potencializar as muitas qualidades que o edifício já possui. O objetivo é fazer com que todas as camadas de tempo deste prédio possam conviver no mesmo espaço, como uma arqueologia que revela a sua riqueza”, concluiu.