A Administração Municipal informou que é necessária a colocação do piso para evitar que o saibro seja levado pela chuva para dentro da lagoa (Gustavo Tilio)
A Prefeitura de Campinas iniciou a pavimentação da pista interna do Parque Portugal, com piso intertravado ecológico (peças que se encaixam). O trabalho começou há cerca de 20 dias e a expectativa é prosseguir até o fim do segundo semestre. A área já teve cerca de 500 metros do piso de saibro trocados em 2017, mas depois disso, não houve continuidade na troca.
No final de março, uma reportagem do Correio Popular mostrou que a Secretaria de Serviços Públicos e a Secretaria de Esportes estavam conversando com representantes e usuários da Lagoa do Taquaral para definir qual o melhor projeto, já que alguns esportistas optavam por manter o saibro, o que não foi aceito pela Administração.
De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos, o uso de piso intertravado é necessário para evitar um novo assoreamento da lagoa e garantir mais mobilidade e acessibilidade aos frequentadores do parque. Serão pavimentados 2,3 mil metros lineares da pista, com largura média de cinco metros, e área total de 12 mil metros quadrados. O custo estimado é de R$ 1,2 milhão.
O secretário da pasta, Ernesto Paulella, explicou que é necessário usar esse pavimento ecológico para evitar que o saibro (material argiloso, com areia grossa e pedaços de pedra), que compõe a pista de terra, seja levado pela água da chuva para dentro da lagoa e cause o assoreamento.
"A questão ecológica é muito importante. Com a chuva, o material do solo é levado para a lagoa. Com o assoreamento, a vida aquática fica comprometida porque falta oxigênio na água. A instalação do piso ecológico vai evitar que isso aconteça e garantir a qualidade da água", explica o secretário.
No final de 2016, a Prefeitura de Campinas entregou as obras de desassoreamento da Lagoa do Taquaral. A intervenção começou em março daquele ano e seguiu durante nove meses de forma contínua. O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) ficou encarregado da dragagem na lagoa e o município se responsabilizou pela remoção do material dos tanques de bota-fora e do transporte.
Foram retirados 63 mil m³ de sedimentos, cujo transporte para o aterro Delta A demandou mais de 6 mil viagens de caminhões. O trabalho custou cerca de R$ 5 milhões, sendo R$ 4 milhões de recursos da Prefeitura de Campinas e quase R$ 1 milhão do Governo do Estado.
Ao longo dos anos, a erosão provocada pela ocupação urbana do entorno, o aumento da movimentação de solo e as chuvas levou o material sólido para dentro da lagoa, diminuindo a profundidade. Há cerca de 30 anos, a profundidade era de 15 metros e, atualmente, o lago tem entre um e oito metros de profundidade.
Paulella também informou que outro ponto importante é proporcionar mais conforto e acessibilidade aos visitantes do parque. "Com o piso, há melhora da mobilidade das pessoas, especialmente quem usa cadeira de rodas, carrinhos de bebê, e outras situações", disse.
Apesar das obras impedirem que parte do caminho seja utilizada no momento, os usuários da lagoa acreditam que as caminhadas e outras práticas esportivas ficarão mais seguras com os novos pisos. "Com toda certeza, eu prefiro esse novo piso. O outro de terra tinha muitos problemas. Primeiro, porque ia para a lagoa e a assoreava. Isso é horrível para o meio ambiente. Segundo, porque havia pedras maiores que podiam causar acidentes. Eu mesmo cheguei a tropeçar e cair aqui uma vez. Esse novo piso vai trazer mais segurança", afirmou o engenheiro Humberto Moraes, de 57 anos.
O operador de empilhadeira Célio Massao, de 56 anos, estava há mais de dois anos sem frequentar a Lagoa do Taquaral por conta da pandemia e agora está retomando as caminhadas, mas já aprovou a intervenção. "A areia é ruim ou por causa da poeira ou porque chove e não dá para usar. Além disso, tem sempre uma pedra solta que pode machucar alguém. Ainda estou conhecendo melhor, mas o que vi já gostei", comentou.