CASOS SUCESSIVOS

GM de Campinas cria grupo para combater vandalismo a patrimônios públicos

Inteligência da corporação e agentes que trabalham na rua vão intensificar vigilância nas redes e na cidade para frear sequência de ataques

Eliane Santos/ [email protected]
29/09/2023 às 09:56.
Atualizado em 29/09/2023 às 09:56
Último ato de vandalismo, segundo a Prefeitura, aconteceu no brinquedo gira-gira destinado para crianças com deficiência na Praça Vinicius de Moraes, no Jardim Eulina (Alessandro Torres)

Último ato de vandalismo, segundo a Prefeitura, aconteceu no brinquedo gira-gira destinado para crianças com deficiência na Praça Vinicius de Moraes, no Jardim Eulina (Alessandro Torres)

Com a onda de vandalismo que não dá trégua em Campinas desde o final do mês de agosto, a Guarda Municipal (GM) de Campinas anunciou na quinta-feira (28) a criação de um grupo especial com o objetivo de tentar coibir ataques ao patrimônio público e privado. O anúncio foi feito dias após a cidade registrar novas ações, desta vez contra a pista de skate street do Parque Taquaral e o Terminal de Ônibus do Campo Grande. Entre as principais ações que o grupo vai desenvolver estão o monitoramento de redes sociais para identificar vândalos e fiscalização em estabelecimentos que comercializam tinta spray. A estimativa é que os atos de vandalismo dão prejuízo de mais de R$ 1 milhão por ano aos cofres públicos.

De acordo com nota divulgada pela GM, o “Grupo Antivandalismo” envolve a Inteligência da corporação, que vai monitorar as redes sociais para identificar os autores do crime, e agentes de segurança do operacional que trabalham na rua e que passam a ter mais atenção a ocorrências do tipo. O Setor de Monitoramento de câmeras na Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp) também participa da força-tarefa.

O grupo, que poderá contar com o eventual apoio de secretarias municipais e de outras forças de segurança, como as polícias Militar, Civil e Federal, é coordenado diretamente pelo secretário de Segurança Pública de Campinas, Christiano Biggi. “A função do grupo é ter uma pronta resposta para evitar que esses atos de vandalismo ocorram na nossa cidade. A ideia é ser um grupo permanente para monitorar essas ações”, disse Biggi, acrescentando que o grupo não tem um número fixo de pessoal, mas que “são guardas do operacional e da Inteligência que poderão ser mobilizadas conforme as demandas, inclusive com funcionários de outras secretarias municipais”.

Essa é mais uma medida adotada pela Prefeitura de Campinas para tentar frear a onda de vandalismo na cidade. Na primeira quinzena deste mês, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) determinou um mapeamento dos bens e monumentos vandalizados na cidade para encaminhar um relatório à Polícia Civil. A Inteligência da GM também foi acionada para identificar, por meio de assinaturas deixadas nas pichações e imagens nas redes sociais, as pessoas que participaram da pichação em prédios e placas da Lagoa do Taquaral no mesmo dia em que, no local, também houve um incêndio em uma touceira de bambu.

“Nós não vamos tolerar atos de vandalismo na cidade. Além da GM, já acionamos as forças policiais para que o patrulhamento seja intensificado e que haja agilidade nas investigações”, afirmou Saadi na ocasião.

Nos próximos dias, a primeira ação do grupo intersetorial será uma operação para fiscalizar estabelecimentos que comercializam tinta spray, material utilizado pelos pichadores. A vistoria terá como base a Lei Complementar 143, de 2016. A legislação exige um alvará específico para os locais que vendem este material. O texto da lei determina ainda que os compradores sejam maiores de 18 anos e que, no ato da compra, assinem um Termo de Responsabilidade pela aquisição, além de apresentar um comprovante de endereço.

Caso descumpram as exigências, os estabelecimentos infratores, e também pessoas físicas, estão sujeitos à multa de R$ 13.440,90 na primeira autuação. A penalidade sobe para R$ 17.921,20 na reincidência. No caso dos estabelecimentos, a punição pode chegar até a cassação do alvará. 

CASOS Na quarta-feira, o gira-gira destinado para crianças com deficiência na Praça Vinicius de Moraes, no Jardim Eulina, foi depredado. Cada parque inclusive custa R$ 33 mil aos cofres públicos. No caso dessa praça, a obra foi entregue em 21 de março deste ano. A Prefeitura entrou em contato com a empresa que montou a estrutura para avaliar se será possível reparo na estrutura ou a instalação de um novo gira-gira. Os parques inclusivos contam com brinquedos feitos para atender às necessidades de crianças com deficiência e permitir que crianças com e sem deficiência brinquem juntas. No dia 14 de setembro, após os banheiros da área esportiva da Lagoa do Taquaral terem sido pichados, o setor de Inteligência da Guarda Municipal de Campinas enviou à Polícia Civil relatório que apontava os suspeitos. No dia seguinte, a GM identificou um jardineiro que teria recebido ordens de uma mulher para retirar três mudas de árvores na Rua Percílio Neto, no Taquaral, que tinham sido plantadas por funcionários da Secretaria de Serviços Públicos poucos dias antes. No mesmo fim de semana, a GM conduziu ao Distrito Policial dois adolescentes que foram flagrados pela segurança do Bosque dos Jequitibás pichando uma das bicas d'água. Eles foram multados em cerca de R$ 3,5 mil. Outros casos recentes de vandalismo em Campinas incluem danos a lixeiras, brinquedos em parques públicos e até em obras de creches municipais.

No caso da pista de skate, o local foi vandalizado por duas vezes seguidas. Na última terça-feira, antes mesmo de concluir a recuperação iniciada no dia 21, um ato de vandalismo surpreendeu os funcionários da Secretaria de Serviços Públicos, responsáveis pela manutenção do espaço público. O prejuízo gerado pela ação dos vândalos foi de R$ 3 mil, relativos ao custo da tinta especial que foi comprada pela Secretaria de Esportes e Lazer. Neste caso, o próprio secretário municipal de Segurança Pública havia confirmado que algumas medidas importantes já estavam sendo adotadas para identificar e punir os pichadores. Segundo ele, a Secretaria recebeu fotos e informações de tribos de pichadores. O material seria avaliado para a eventual adoção de medidas que possam levar aos autores das ações. A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) também registrou Boletim de Ocorrência sobre o vandalismo praticado contra o Terminal Campo Grande, por exemplo, que teve louças dos sanitários masculinos depredadas, além de furto de canos de alimentação de água dos mictórios e das válvulas das torneiras.

MONUMENTOS

No final do mês de agosto, o Correio Popular publicou reportagem abordando o fato de que Campinas tem um dos mais importantes acervos nacionais de monumentos públicos artísticos no seu território, um conjunto de 105 monumentos tombados pelo patrimônio histórico e outros cerca de 20 não tombados, mas sem uma política de segurança, valorização e preservação efetiva.

A reportagem percorreu praças e áreas públicas e mostrou pedestais sem o busto de bronze, sem as placas, com pedaços faltando e muitas pichações. Na ocasião, haviam sido furtadas algumas preciosidades históricas, como o busto do Padre Anchieta (em frente ao colégio Carlos Gomes), o monumento da Companhia Mogiana (em frente à Estação Cultura) e peças do monumento-túmulo de Carlos Gomes (na Praça Bento Quirino).

COMO DENUNCIAR

No caso de depredações de bens sob responsabilidade da Emdec, as denúncias podem ser feitas pelo telefone 118, site www.emdec.com.br/ faleconosco e também pelo WhatsApp (19) 3731-2910. Nos demais casos, a população pode acionar o telefone 153 da Guarda Municipal, disponível durante todo o dia.

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