Prefeito se encontra com o presidente em Brasília e fecha os últimos detalhes Kamá Ribeiro
Vista parcial da área de 200 mil m2 que a União cederá a Campinas, com a Vila Industrial ao fundo: espaço que integra o Pátio Ferroviário servirá à construção de empreendimentos comerciais e imobiliários (Ricardo Lima)
Campinas deu na quarta-feira (13) um passo importante para, definitivamente, destravar a revitalização da área central. O prefeito Dário Saadi (Republicanos) esteve, em Brasília, com o presidente Jair Bolsonaro (PL) para finalizar os processos de cessão para o município de uma área de 200 mil metros quadrados (m2) do pátio da antiga Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), no Centro, onde serão desenvolvidas parcerias para a implantação de empreendimentos imobiliários e comerciais.
A revitalização da região central foi um tema levantado pelo Correio Popular, que tem dedicado várias reportagens sobre o assunto. A parcela que agora será cedida representa 64,52% dos cerca de 310 mil metros quadrados do complexo ferroviário, que abrigou as instalações da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, oficinas da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e, posteriormente, da Fepasa, que hoje é composto por edificações históricas e tombadas.
A área é voltada para a Vila Industrial, margeando as ruas Francisco Teodoro e Doutor Sales de Oliveira. De acordo com a Prefeitura, todas as questões técnicas e jurídicas foram resolvidas e a assinatura do contrato será feita nos próximos dias, em Campinas. A conclusão do acordo ocorreu na véspera do aniversário do município, que hoje completa 248 anos.
A cessão promoverá a primeira e maior intervenção no complexo ferroviário em mais de 20 anos. A última ação no local foi a transferência, em 2001, da Estação Ferroviária, hoje Estação Cultura, para município, na época do então prefeito Antonio da Costa Santos (PT).
Esse prédio e a gleba onde está prevista a instalação do shopping dos camelôs estão fora da nova área que será cedida ao município, pois já foram transferidas para Campinas anteriormente. "Nós trabalhamos muito por esta cessão. É uma área muito importante para a cidade, para o seu desenvolvimento e para a geração de novas oportunidades para a população. E estamos fazendo tudo com muito cuidado e responsabilidade", afirmou Saadi em relação ao novo acordo.
Preservação
Segundo a Administração, a área cedida deverá ter uso misto e incentivos para acolher espaços culturais, de turismo, eventos, gastronomia, áreas de inovação e tecnologia, instituições de ensino e pesquisa e receber novos modais de transporte. A previsão é a de que as novas atividades garantam o funcionamento da região por 24 horas, proporcionando segurança e atraindo moradores.
Os investimentos a serem feitos no Pátio Ferroviário deverão ainda fomentar a preservação, conservação e valorização do patrimônio cultural. A estrada de ferro começou a ser construída em Campinas em 1870 para transportar o café para exportação, tendo um papel fundamental para a economia e o desenvolvimento da cidade. "A chegada da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Campinas, em 1872, vai acelerar o crescimento urbano local, que contava, em 1869, com 8 mil habitantes", explica a arquiteta, urbanista e historiadora Anna Villanueva. Na época, a cidade tinha apenas 1,4 mil prédios e 41 ruas.
Próximos passos
Após a assinatura do contrato para a cessão definitiva com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), a viabilização dos futuros projetos no pátio dependerá ainda de alguns passos. O órgão federal realizará inventário dos bens e a regularização dos títulos cartoriais, garantido a alienação de uma área de 38 mil m2 para a União.
Segundo a Prefeitura, a parte que ficará com o município passará por estudos vocacionais que serão discutidos com a SPU e os conselhos municipais, como o Defesa do Patrimônio Cultural, Desenvolvimento Urbano e o de Política Cultural. Os projetos a serem desenvolvidos deverão ainda se adequar aos usos previstos no Plano Diretor, considerando que a gleba faz parte do Polo Estratégico de Desenvolvimento da área central e nas Zonas Especiais de Preservação Cultural da Vila Industrial e do Centro.
A ocupação do complexo ferroviário faz parte da requalificação da região central, que inclui outros projetos, como o Projeto Viva Campos Salles. De acordo com a Prefeitura, visa causar impacto positivo no desenvolvimento econômico, social e cultural. Porém, na semana passada, a Administração divulgou a simplificação do projeto de readequação da Avenida Campos Salles, no Centro, para reduzir os custos. Inicialmente, a remodelação seria feita nos mesmos moldes do trabalho feito na Avenida Francisco Glicério, mas agora a intervenção será menor, com a Campos Salles ganhando uma ciclovia. As mudanças ainda estão sendo discutidas.