nova proposta

Camelôs de Campinas terão de construir uma garagem subterrânea

Segundo o arquiteto Marcelo Hobeika, responsável pelo projeto do shopping, nova exigência deve complicar a situação

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
14/07/2022 às 08:51.
Atualizado em 14/07/2022 às 08:51
Camelôs do Terminal Central do Viaduto Cury terão de negociar um novo prazo para deixar o local (Ricardo Lima)

Camelôs do Terminal Central do Viaduto Cury terão de negociar um novo prazo para deixar o local (Ricardo Lima)

Uma nova proposta do shopping dos camelôs deverá ser apresentada para avaliação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) no dia 11 de agosto. A previsão foi feita na quarta-feira (13) pelo arquiteto Marcelo Hobeika, responsável pelo projeto, ao explicar que a elaboração da planta do centro comercial "voltou praticamente à estaca zero" após a exigência de ter de incorporar a nova garagem de carros, prédio tombado que o Sindicato dos Empreendedores Individuais de Ponto Fixo Público e Móvel de Campinas (Sindipeic) queria remover.

"Nós estamos fazendo reuniões com técnicos do conselho para ver o que é preciso melhorar na questão de preservação dos bens tombados", disse. Entre as mudanças que serão feitas no projeto é que o estacionamento previsto para ficar na laje do terceiro piso do shopping passará a ser subterrânea, ocupando uma área de 15 mil metros quadrados (m2). De acordo com Hobeika, as alterações a serem feitas impactarão o custo da obra e o prazo de execução. No momento, Engemon Comércio e Serviços Técnicos Ltda., construtora contratada para fazer o shopping dos camelôs, está levantando os novos custos.

Alterações

"Terão que ser escavados 15 mil metros quadrados, feitas fundações e cotas de proteção. Tudo isso vai encarecer o projeto", afirma o arquiteto. A proposta anterior, recusada pelo Condepacc por prever a retirada da garagem de carros, previa o centro comercial em uma área de 18 mil m2, com 42 mil m2 de área construída dividida em três pisos e 1.688 boxes. O investimento previsto era de R$ 115 milhões.

De acordo com Hobeika, o novo projeto terá em torno de 50 mil m2 quadrados de área construída e será mantido o número de boxes. Para isso, o terceiro piso, que estava previsto para acomodar uma praça de alimentação e serviços, também passará a ser ocupados por boxes para os camelôs. O arquiteto acrescentou que o espaço previsto para a Prefeitura e Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) terá de ser realocado e reduzido.

Segundo ele, pontos básicos do shopping popular serão mantidos, como ter andares com o pé direito alto para os boxes terem depósito na parte superior e o número de boxes. O vereador e vice-presidente do Sindipeic, José Carlos dos Santos, o Carlinhos Camelô (PSB), aponta que o centro comercial receberá os 1.380 camelôs hoje espalhados por seis pontos do Centro, entre eles as ruas Álvares Machado, Benedito Cavalcante Pinto e Terminal Central.

Atraso no TAC

De acordo com ele, os contínuos atrasos no início das obras do shopping popular acarretará no descumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público para retirada dos camelôs da região central, o que está programado para ocorrer até o próximo ano. O acordo foi firmado em 2019 e previa a retirada em dois anos, prazo prorrogável pelo mesmo período.

Em julho de 2020, a Prefeitura encaminhou para a Câmara Municipal o projeto de lei complementar que autorizava a cessão da área para o shopping popular, o que foi aprovado no mês seguinte. Na época, a previsão da Prefeitura era a de que a obra tivesse início no começo de 2021, mas até hoje não saiu do papel.

Carlinhos Camelô diz ainda acreditar na viabilidade do shopping popular e espera a aprovação final do projeto até o final do ano. "Acho que falta mais empenho da Prefeitura e do Condepacc para a coisa andar mais rápido", critica. "Não é uma coisa só nossa, mas de interesse da sociedade, dos lojistas para que isso aconteça. Não falta empenho da gente", completa.

A construção do centro de compras faz parte do projeto da Prefeitura de revitalização do Centro. Em nota oficial, a Administração divulgou que "a Secretaria de Cultura e Turismo e o governo municipal estão empenhados em ajudar os camelôs dentro do alcance possível, dentro da legalidade e adequação do projeto." 

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