Serpentinas em spray também não poderão mais ser vendidas na cidade
Campinas sancionou ontem uma lei que proíbe o comércio de espumas e serpentinas em spray, geralmente comercializadas durante o Carnaval. Estão excluídas desta proibição apenas as espumas expansivas de aplicação na indústria e na construção civil. A justificativa, segundo o vereador Luiz Rossini (PV), autor do projeto, é a segurança dos foliões em relação à saúde, já que, segundo ele, o produto pode causar problemas se entrar em contato direto com a pele, a boca e os olhos. A medida já está em vigor e o estabelecimento que descumpri-la será multado em R$ 1.760,00. Em caso de reincidência, a pena dobra. A atuação dos agentes poderá ocorrer independentemente de denúncia ou de reclamação da população, em qualquer época do ano, e não somente no Carnaval. Toda receita adquirida da aplicação das multas será revertida para o Fundo de Recuperação, Manutenção e Preservação do Meio Ambiente (Proamb). Se o produto estiver sob a posse de um usuário ou de um vendedor ocorrerá apenas a apreensão dos produtos, sem a necessidade da aplicação de uma infração. Produto nocivo Assim como Campinas, outras cidades brasileiras, como Santos (SP), Recife (PE) e Caraguatatuba (SP), já proibiram a comercialização do spray em suas respectivas cidades. De acordo com a dermatologista Aline Guimarães Véspoli, a composição do produto apresenta substâncias que, em contato com a pele, podem provocar reações alérgicas e irritações, principalmente em crianças. "O paciente mais novo tem a pele mais sensível e a barreira cutânea mais suscetível a ter uma dermatite de contato por alguma substância química que está nesses produtos", explica. Na avaliação dela, o problema maior da espuma não está no contato com a pele, mas sim com os alhos. "Naquela brincadeira de ficar espirrando a espuma na cara do amigo, pode acontecer um acidente ocular mais grave, por causa da pressão do spray", explica Aline. O oftalmologista Rodrigo Pereira acrescenta ainda que o contato da espuma com os olhos também pode causar uma irritação inicial no globo ocular. Segundo ele, em alguns casos, essa irritação pode progredir para uma conjuntivite alérgica, com possibilidade de gerar até uma lesão na córnea do olho. "Muitos desses produtos são feitos com o clorofluorcarbono, um gás que é utilizado para fazer com que o mecanismo do spray funcione. Trata-se de um composto baseado em carbono que contém cloro e flúor, e que já foi proibido em vários países".