As Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abastecem a região de Campinas, levará dois anos para recuperar-se da atual estiagem, tendo que conviver com pouca durante esse prazo. A informação é do consultor Paulo Tinel, da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa) - autarquia responsável pelo abastecimento campineiro. A boa notícia, entretanto, é que, depois de 27 dias com volumes em queda, o sistema apresentou a mesma reserva que tinha no domingo (16). “A situação não é tranquila e vai continuar exigindo que a população economize, e que as cidades busquem alternativas para garantir o abastecimento”, disse. Além de pouca, a qualidade da água vem caindo substancialmente, como apontam as amostras coletadas pela Sanasa a cada quinze dias em 80 quilômetros do Atibaia. As chuvas do final de semana amenizam a situação, mas temporariamente. O Sistema Cantareira, por exemplo, está praticamente vazio, operando com apenas 18,5% de sua capacidade. Ele abastece 47% da Grande São Paulo e parte da região de Campinas.Negligência A liberação de mais 1 m³/s de água do Cantareira para as Bacias PCJ, autorizada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no sábado, foi útil, necessária mas, segundo o Ministério Público, atrasada, porque já houve dano ambiental nos rios. A decisão mostra, de acordo com o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema), o uso político de algo que deveria ser muito mais sério, que é a gestão do sistema. “Não se está aumentando a vida útil dos reservatórios do Cantareira. Isso só ocorrerá quando reduzir a vazão para São Paulo”, afirmou. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), segundo o promotor, continua utilizando o banco de águas — uma reserva feita nos períodos de abundância de água — para garantir maior vazão para a Região Metropolitana de São Paulo quando deveria, de acordo com Garcia, manter a reserva do banco de águas no Cantareira, para ajudar a recompor o nível dos reservatórios. “Esse comportamento de retirar tudo que pode é uma inversão do que deveria estar ocorrendo. O curso natural da água do Cantareira é das Bacias PCJ, mas a forma como o governo age parece que nós é que somos os fregueses do sistema e não o contrário. Então continua priorizando o abastecimento do Alto Tietê em detrimento das Bacias PCJ”, afirmou. Para Garcia, o sistema tem que ser preservado, o que não está ocorrendo. “É preciso preservar as áreas de mananciais, que são os afluentes, porque está bem claro que se estão saindo 3 m³/s do Cantareira para o PCJ e a Sanasa tira 4,1 m³/s, quem está garantindo nossa água não é o Cantareira, mas o esgoto das cidades e os afluentes”, disse. “Estamos em um regime crítico que não está sendo enfrentado, porque até agora as regras de exceção não foram aplicadas. O uso do banco de águas pela Sabesp tem que parar já”, afirmou. Veja também Recuperação por morte de peixes levará 5 anos Campinas planeja represa para evitar racionamento Empresa iniciou os estudos de viabilidade técnica da obra e preparar Campinas estiagem Novas represas da região terão pequenas hidrelétricas