Neymar está fora de combate mais uma vez. Caçado em um jogo contra o Strasbourg, pela Copa da França, sofreu uma nova lesão no pé direito, semelhante à que quase impediu que disputasse a última Copa do Mundo. Neymar sofreu três faltas seguidas no mesmo lance e do mesmo jogador, o meia Zemzemi. O árbitro só marcou a infração na terceira pancada do tunisiano. Neymar continuou em campo por mais alguns minutos, tempo suficiente para fazer uma jogada espetacular: deu uma carretilha no próprio Zemzemi e finalizou de fora da área. Quase fez um golaço. Logo em seguida, Neymar deixou o campo. Ficará fora por algumas semanas e ainda pode ser submetido a nova cirurgia. É curioso notar que parte da imprensa reservou suas críticas para Neymar. Poucos condenaram a permissividade do árbitro, que deixou em campo um atleta que chutou um adversário três vezes seguidas. Poucos criticaram Zemzemi e alguns até chegaram a defendê-lo. Foi o caso de Casagrande, comentarista da TV Globo. Casão disse que Neymar deveria ter passado a bola após a segunda falta. “O marcador perdeu a paciência”, justificou o ex-atacante. Casagrande pensa como o meia Anthony Gonçalves, companheiro de Zemzemi no Strasbourg. “Quando Neymar quer jogar assim, não reclame se apanha. Não estamos aqui para que ele se divirta conosco. Não somos seus fantoches. Quer se divertir? Bom, respondemos com nossas armas”, disse Anthony. A diferença entre a arma do craque e a do marcador violento é que uma encanta, arranca aplausos e é a razão de ser do futebol. Para a outra, foram criados, na Copa do Mundo de 1970, os cartões amarelos e vermelhos. O fato de alguns acharem Neymar antipático ou algo assim não tira do craque sua extraordinária habilidade. A carretilha é um drible espetacular, criado por Kaneco no Campeonato Paulista de 1968. O atacante do Santos fez a jogada em cima no lateral Carlucci dentro da área e cruzou para Toninho Guerreiro marcar de letra na goleada de 5 a 1 sobre o Botafogo. Graças ao lance de Kaneco, esse é um dos gols mais bonitos da história da Vila Belmiro. E, convenhamos, não é qualquer gol que entra nessa lista. Lamento por quem defende o impaciente Zemzemi e por quem gosta das armas do truculento e limitado Anthony. Eu prefiro ver e aplaudir quem consegue dar carretilhas. E, convenhamos novamente, não é para qualquer um. Volte logo, Neymar.
