{HEADLINE}{TEXT}Se já estava complicado explicar o debate de gêneros que ganhou força em Campinas nas últimas semanas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) resolveu entrar na discussão — diga-se de passagem com quase zero de informação — para complicar ainda mais a história. Em suas redes sociais, Bolsonaro informou que a Câmara de Campinas discute a implementação nas escolas do “Kit Gay para criancinhas”. O post do deputado no Facebook tinha 5,7 mil compartilhamentos ontem.{HEADLINE}Só que é o contrário{TEXT}Na realidade, o que o vereador Campos Filho (DEM) propôs foi vetar a discussão de gêneros nas escolas da cidade e impedir que a rede pública de ensino discuta políticas e projetos que promovam a igualdade entre os estudantes, o que não inclui somente questões ligadas à sexualidade, mas o racismo e o regionalismo. O veto proposto pelo democrata modifica a Lei Orgânica do Município e o Executivo não tem o poder de veto. {TEXT}O kit está de volta. A Câmara Municipal de Campinas, cidade na qual sou registrado, discute sua implementação nas escolas.{TEXT}Do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), ao falar da proposta {TEXT}[TITULINHO]No plano[/TITULINHO]Em Campinas a discussão sobre gênero começou quando a cidade passou a estruturar o seu Plano Municipal de Educação, que deve ser votado pelo Legislativo até o final deste mês. O governo do prefeito Jonas Donizette (PSB) optou por não incluir um parágrafo no texto-base, que tratava da questão de gênero. [TITULINHO]Crianças[/TITULINHO]Campos Filho se adiantou e, para ganhar notoriedade em seu reduto eleitoral, que é da Igreja Católica, apresentou uma proposta de mudança na Lei Orgânica para que políticas voltadas para a questão do gênero não fizessem parte do plano de educação da cidade. [TITULINHO]Só confusão[/TITULINHO]Desde que o projeto passou a ser avaliado no Legislativo campineiro, o debate entre os parlamentares e a sociedade ficou tenso por inúmeras vezes. Alguns legisladores, como Cid Ferreira (SD) e Jorge Schneider (PTB), foram acusados por manifestantes de terem feito declarações homofóbicas e racistas. Cid deve ser ainda alvo de representações na Corregedoria da Casa e no Ministério Público.[TITULINHO]Kit gay?[/TITULINHO]A proposta debatida em Campinas, portanto, não tem relação nenhuma com o Kit Gay mencionado por Bolsonaro em suas redes sociais. Pelo contrário: se adequa perfeitamente ao que o deputado tem defendido em sua carreira política. [TITULINHO]A polêmica[/TITULINHO]Em 2011, o Ministério da Educação elaborou um kit que deveria ser distribuído nas escolas públicas contra a homofobia. Bolsonaro, na época, disse que a proposta estimulava o homossexualismo e a promiscuidade entre os estudantes. Após a pressão da bancada religiosa no Congresso, o governo suspendeu a distribuição. Na opinião de Bolsonaro, “um animal dá a vida pelo seu filho. Qualquer pai e mãe dará a sua pela dignidade do seu”.[TITULINHO]Só registrado?[/TITULINHO]Bolsonaro, ao que tudo indica, não quer ter muitas ligações com Campinas. O deputado nasceu na cidade, mas disse apenas que foi “registrado” em terras campineiras. {HEADLINE}Aproximação?{TEXT}A inauguração da Avenida Mackenzie ontem em Campinas teve cenas inusitadas. Próximo da família Garnero, o ex-prefeito de Campinas Pedro Serafim (PDT) esteve no evento e acabou dividindo o palco com o atual prefeito, Jonas Donizette (PSB). Sem definição em relação a uma possível aliança entre as legendas, o que era para ser um encontro de caras fechadas terminou num convite de Jonas feito a Serafim para que ele participasse da foto oficial. O secretário de Relações Institucionais, Wanderley Almeida, foi visto numa conversa com o pedetista. Na pauta, a eleição de 2016.