Seu carro< tem seguro? Tem? Então vai ouvindo essa história. No dia 6 de dezembro do ano passado eu e minha mulher tivemos nosso carro levado por delinquentes em uma avenida próxima a um shopping da cidade – aposto como achavam que o carro estava cheio compras, coitados. Era véspera do casamento do nosso filho, com todos os preparativos em andamento.O carro foi encontrado no dia seguinte pela Polícia Militar em uma rua ao lado do residencial Bassoli, com um para-lama amassado e o motor danificado. O que era para ser uma boa notícia, virou um martírio de 73 dias. Sempre ouvi reclamações do péssimo atendimento das seguradoras. Como sou cliente da mesma seguradora há 12 anos e nunca tive nenhum sinistro originado por mim, e quando precisei de pequenos socorros, fui atendido, não dava importância aos relatos. Mas, quando a situação envolve uma quantia maior de recursos, a situação muda completamente.O que era para ser uma simples retífica de motor, serviço para ser realizado em uma semana, levou 73 dias para ser concluído graças à “velocidade, interesse e respeito” da seguradora. O carro foi recolhido ao pátio de uma oficina no mesmo dia e a primeira vistoria realizada seis dias depois, mas a autorização para consertar o motor só foi dada no dia 25 de janeiro. Você fez as contas de quantos dias a seguradora demorou para permitir o serviço? Foram inúmeras vistorias, fotos do motor, de peças, um inferno burocrático que me fez perder a paciência e o sono inúmeras vezes.Imagine, o sinistro aconteceu justo na véspera do casamento do meu filho, no começo das férias escolares, das festas de fim de ano, das minhas férias do trabalho e do Carnaval. As viagens programadas, passeios familiares etc., tudo foi perdido. Uma frustração enorme para a família. E qual era a resposta da seguradora às minhas inúmeras ligações?“Estamos agendando mais uma vistoria em seu veículo”. Não é de arrancar os cabelos e maldizer até a alma? Fiz tudo isso e não adiantou nada.Bem, autorizado o conserto, a retifica do motor foi feita em uma semana. Ai então veio a segunda parte da história: a falta de interesse da oficina em apressar a montagem do carro. No dia 21 de fevereiro, véspera de minha filha retomar os estudos na universidade em outra cidade, tomei uma decisão radical. Eu, minha esposa e minhas filhas invadimos a oficina onde o carro ainda aguardava a codificação da chave de ignição, que levaria mais 15 dias para ficar pronta. Ficamos lá, de plantão, até que por volta das 17 horas, 73 dias depois do sinistro, às vésperas do retorno escolar, conseguimos recuperar o carro.A impressão que a seguradora passou é que ela está fazendo um favor, e não dando retorno a um serviço que você paga — no meu caso, há 12 anos. Foram ligações diárias ao SAC, envio de dezenas de e-mails, reclamações na ouvidoria e nada adiantou. A cada ligação você é obrigado a repetir todas as informações. Inúmeras vezes solicitei o telefone do perito, aquele que fez as 480 mil vistorias, mas sempre foi negado. É um ser intocável, sem rosto, sem identidade e completamente surdo às necessidades do cliente. E ele é o representante da seguradora.A oficina também protelou o máximo possível o serviço pois, a prioridade dela são os consertos particulares onde pode cobrar mais, sem o controle da seguradora, que regula até a troca de velas. E quem paga a conta de tudo isso somos nós, consumidores, abandonados à vontade das seguradoras. E você acha que a história acabou?