CARLO CARCANI

Vitória do carrinho, derrota do futebol

Carlo Carcani
27/03/2013 às 02:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:53

A absolvição por unanimidade do atacante Danielzinho é uma vergonha para o futebol paulista. O jogador do São Caetano recebeu apenas um cartão amarelo pelo carrinho que rompeu os ligamentos e provocou uma fratura no tornozelo do volante Ferrugem. Diante da violência da jogada, foi denunciado pela procuradoria e julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva. A pena prevista para quem é julgado por "praticar jogada violenta, com atuação temerária ou imprudente, ainda que sem a intenção de causar dano ao adversário" vai de uma a seis partidas de suspensão. Além disso, há um agravante: "Se o atleta atingido permanecer impossibilitado de jogar, o infrator poderá continuar suspenso até que o companheiro que sofreu a falta esteja apto a retornar a treinamento, num prazo máximo de 180 dias."

Diante da imagem do lance e do que diz o artigo, é impossível imaginar quais critérios o tribunal utilizou para absolver Danielzinho. A violência da jogada é tão clara como o texto. Notem que não há sequer necessidade de o jogador ter a intenção de machucar o adversário.

Foi uma decisão lamentável, que não apenas serve de estímulo para a prática do jogo violento, como também aumenta a sensação do público de que os grandes clubes são privilegiados pelos tribunais esportivos. Qual seria a decisão se Ferrugem tivesse feito uma falta idêntica em Neymar, tirando a estrela do Santos dos gramados por seis meses? Seria absolvido por unanimidade?

Acredito que a omissão da Ponte Preta também facilitou as coisas para a defesa do São Caetano. Após o jogo e nos dias seguintes, o discurso no Majestoso era de que tudo o que fosse possível seria feito para que Danielzinho fosse punido. Chegaram a falar que o departamento jurídico estava reunido para discutir a possibilidade de pedir ao São Caetano o ressarcimento do salário de Ferrugem durante os seis meses.

No dia do julgamento, porém, só o São Caetano se manifestou no tribunal, assim como Danielzinho e o fraco árbitro Luiz Vanderlei Martinucho, que definiu a contusão como uma “fatalidade”.

A Ponte não se fez presente. Poderia ter se esforçado um pouco mais para que justiça fosse feita, em nome de seu atleta e de sua torcida, que ficou triste com o drama de Ferrugem.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por