Por aqui o ano começou, mas na China ele só chega em 5 de fevereiro, sendo que comunidade chinesa em Campinas também comemora
O ano novo chinês leva em consideração tanto as fases da lua como a posição do sol, por isso não tem uma data fixa para começar. Em 2019, comemora-se o ano do Porco e a festa tem início em 5 de fevereiro. Os chineses relacionam cada ano a um dos doze animais que teriam atendido ao chamado de Buda para uma reunião. Apenas doze se apresentaram, e Buda, agradecido, os transformou nos signos da astrologia chinesa. São eles: Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Cobra, Cavalo, Cabra, Macaco, Galo, Cão e Porco. O ano novo é a festividade mais importante para os chineses e a comemoração dura quinze dias. Na véspera, eles limpam e arrumam suas casas, pagam as contas e presenteiam os deuses que protegem as moradas. As salas de estar são decoradas com botões de flores, laranjas, tangerinas e frutas cristalizadas. Também preparam as roupas para os rituais e vestem vermelho, amarelo e roxo, em nome da prosperidade. Usam lanternas vermelhas, que depois são penduradas na porta principal das residências por duas semanas. Ainda na véspera, é servida a refeição de encerramento do ciclo anual. São preparados pratos especiais para obter sorte e felicidade. No primeiro dia do ano é comum as crianças e os solteiros da casa serem presenteados pela matriarca com um envelope vermelho com dinheiro. Mas, em algumas regiões da China, o mimo é oferecido na última noite do ano pelo homem mais velho da família aos outros homens, e os mesmos só devem ser abertos depois da chegada do ano. O gesto de entregar o envelope vermelho, ou hong bao, representa a generosidade e o desejo de boa sorte. Nas ruas, as danças do Dragão e do Leão são as mais aguardadas, por trazerem prosperidade e renovação. Outro costume chinês é escrever os desejos com tinta preta em tiras de papel vermelho e pendurá-los na porta de entrada da casa. Para os chineses, o preto representa a água e a sabedoria, enquanto o vermelho é sinal de fogo e sucesso. Conhecido como Festival da Primavera, o rito inclui uma semana (ou até dez dias) de feriado no país, embora a festa se estenda para duas semanas. Boas lembranças Nas lembranças de Luis Zheng, 41 anos, que nasceu na China e lá viveu até os dez, o ano novo chinês é sinônimo de bons momentos em família. Como ocorre em todas as celebrações, em 2019 ele também passará com a família, em Campinas. Desde criança, Zheng costuma receber do pai o envelope vermelho com dinheiro, boa recordação da infância que se perpetua até hoje. Casado com uma brasileira há sete anos, terá seu primeiro filho em 2019 e pretende continuar seguindo a tradição. “O nosso ano novo é como o Natal de vocês”, define. Funcionário de uma multinacional chinesa, tem o hábito de frequentar o restaurante Garden, de cozinha chinesa, por sinal de sua família, inaugurado há 36 anos em Campinas. Lá a clientela costuma assistir, na chegada do ano, a autêntica Dança do Leão, muito comum na China nesse período. Quem se apresenta são os alunos da Academia Central, que desde 1993 participa das comemorações do ano novo chinês em Campinas. “Neste ano faremos uma parceria como Grupo Wushu Campinas para realizar as apresentações de wushu e Dança do Leão. O wushu é a arte marcial chinesa mais conhecida no ocidente como kunk fu e é tratado pelos chineses como um rico patrimônio cultural de sua nação, bem como uma contribuição para a civilização humana”, diz o professor Enrique Miluzzi Ortega, responsável pela Academia Central Kungfu Wushu. Segundo Ortega, a Dança do Leão consiste na representação de uma fera encenada por duas pessoas, uma manipulando a cabeça e a outra a cauda, que em sincronia coma música executada por uma peque banda, composta por tambor, prato e gongo, vence desafios através de sua vitalidade e alegria, propiciando, de acordo com as lendas, boa sorte e harmonia ao ambiente, razão pela qual sua apresentação geralmente antecede cerimônias e eventos festivos. Também sobre a Dança do Leão, Marcos Vinicius da Silva, da Academia Shaolin, de Valinhos, diz que ela é ideal para incrementar eventos variados, inclusive de negócios e até casamentos, uma vez que só traz coisas boas. “Quem volta para casa depois de uma apresentação carrega boas energias”, comenta. O leão, considerado o rei dos animais, é muito apreciado pelos chineses desde a antiguidade, pela sua força. Previsões Os signos de Tigre, Coelho e Galo serão beneficiados com a regência do Porco: Coelho: a família e os amigos estarão ainda mais próximos e isso trará muita felicidade. Dragão: muito sucesso profissional e conquistas almejadas há tempos. Galo: promoção no trabalho, mas o nativo não deve deixar a família de lado para não sofrer mais tarde. Porco: muitas conquistas, fase boa para tomar decisões e conquistar o que almeja. Família reunida Irmão de Luis Zheng, o também chinês Zheng Jie Bo, de 44 anos, que veio para o Brasil aos onze anos de idade, tem três filhos nascidos aqui: Dérick, de 18 anos, Melissa e Michel (gêmeos, de 17 anos). Os garotos apreciam as tradições chinesas e gostam de receber o famoso envelope vermelho recheado de dinheiro quando chega o ano novo. Costumam celebrar a virada brasileira, em janeiro, mas também participam dos encontros com os familiares no ‘réveillon’ chinês. “É uma tradição muito forte”, diz Melissa, com respeito. Zheng é presidente da Aliança Brasil-China para Campinas e RMC (Região Metropolitana de Campinas) e costuma reunir a comunidade chinesa que mora aqui e na região em eventos como o ano novo chinês, cuja programação para 2019 ainda não foi divulgada, mas será no decorrer dos próximos dias. Casado com uma chinesa que conheceu no Brasil, Zheng gosta de participar do ano novo em família, quando se inicia um ciclo repleto de boas energias, com todos otimistas para receber uma fase de prosperidade. A filha, Melissa, costuma seguir mais a astrologia conhecida no Brasil do que a dos chineses, e não tem muito a dizer sobre o ano do Porco. Em Campinas, segundo Zheng, a comunidade chinesa já reúne 2.500 pessoas. Renovação Natural de Taiwan, Lo Ming Tsung, no Brasil chamado apenas por Ming, tem 35 anos, mora em Valinhos e trabalha em São Paulo, mas ultimamente, por conta da vida profissional atribulada, tem ficado mais na capital paulista do que em sua cidade. Funcionário de uma empresa de importação, é professor de chinês e acupunturista. Tem mãe e dois irmãos, com quem costuma comemorar a passagem do ano. Conta que é comum, na China, e por aqui também, as famílias se reunirem para desejar que tudo se renove e que o ano seja próspero, inclusive para o Brasil. São feitas orações e oferendas aos antepassados. “Damos adeus a pensamentos antigos, ultrapassados, e recebemos as novidades de um outro ciclo. É uma cerimônia de renovação”, explica. Na noite em que o ano começa, todas as portas e janelas são abertas para deixar o ano velho ir embora. Quando o relógio marca meia-noite, os chineses comem um bolinho cozido conhecido pelos ocidentais como guioza. No primeiro dia do ano as pessoas dão as boas-vindas aos deuses e evitam comer carne, com o intuito de atrair uma vida longa e feliz. Para 2019, ano do Porco (ou Javali), segundo as tradições chinesas, o mais esperado é vivenciar uma sensação de abundância e agilidade. Um dos símbolos do ano que chega são as flores de ameixa (coragem e esperança) e o narciso (sorte e prosperidade). A saudação usada é Xin Nian Kuai Le, que significa Feliz Ano Novo. Em algumas regiões se diz apenas Gong xi fa cai, que quer dizer Parabéns e boa sorte. Elemento Vibrante A cor vermelha predomina nas comemorações da passagem do ano por simbolizar a transformação, o movimento e a vida. Comidas Peixe para representar dinheiro, tangerinas ou laranjas da sorte, prato feito com arroz moti, que representa a prosperidade, e talharim, símbolo de longevidade, são comuns na mesa do ano que se inicia. Um doce chinês popular nessa época é o bolo de arroz glutinoso (Nian Gao) A doçura do bolo simboliza uma vida doce e rica. As camadas representam a abundância do ano novo. “Damos adeus a pensamentos antigos, ultrapassados, e recebemos as novidades de um outro ciclo. É uma cerimônia de renovação” MING, professor de chinês, acupunturista e funcionário de uma empresa de importação