JOSÉ TRASFERETTI

Violência urbana

José Trasferetti
19/02/2013 às 05:02.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:06

IG - JOSE TRASFERETTI (CEDOC)

O Brasil é um país lindo, mas tem dois grandes problemas: corrupção generalizada e violência urbana. Todos os dias, de muitos modos, conversamos sobre temas ligados à violência em nossas cidades. É comum encontrarmos pessoas que sofreram algum assalto, sequestro ou tiveram algum parente assassinado. Os noticiários exploram fortemente esse tema, até porque rende ibope. Programas de televisão criam estratégias próprias para atrair a atenção do público comentando assuntos ligados à violência que ocorre nas grandes cidades. Que País é este? As pessoas não sabem mais o que fazer! Colocam grades, cachorros, cercas elétricas, constroem condomínios fechados, isolam-se, não saem à noite, vivem enclausurados. Estamos produzindo uma “cultura do medo”.

Mas, o que está acontecendo? Para mim, a violência urbana está conectada com todos os problemas sociais, educacionais, familiares e morais do nosso tempo. Não é causada por um único problema, mas por muitos ao mesmo tempo. Certamente não se trata de um tema fácil, pois está associado às condições de trabalho, moradia, educação, saúde e, sobretudo, aos valores morais que perpassam a vida dos brasileiros. A corrosão das condições sociais está vinculada à corrosão do caráter. Vivemos uma crise não somente da ética, mas também do ethos, ou seja, uma crise estrutural que atinge a base ontológica da população brasileira. Nos programas de televisão, constantemente vemos adolescentes brincando de assassinos, rindo dos que sofreram a violência do assalto e, sem nenhum motivo, foram mortos.

Todos se perguntam: O que podemos fazer para mudar essa situação? Para mim, trata-se de uma questão conjuntural e estrutural ao mesmo tempo. Uma questão social e moral que não poderá ser resolvida de imediato, como num toque de mágica, mas somente a longo prazo. Deve envolver as famílias, escolas, igrejas, ONGs, partidos políticos. Com certeza, não vamos resolver com ações isoladas, de forma individualista. É preciso uma ação coletiva, envolvendo muitos atores sociais, tais como os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, o mundo da Educação, da Cultura, da Saúde, do Trabalho e outros setores importantes da sociedade.

Além das ações práticas cotidianas, tais como policiamento maior, Rota nas ruas etc., é preciso reeducar os valores, pois muita violência está vinculada ao mundo do consumo, do mercado e do trabalho. As necessidades de consumo são tantas, e de forma tão violenta, que as pessoas ficam “loucas” para comprar um produto ou mesmo ganhar dinheiro fácil, roubando um caixa eletrônico, uma pessoa que sai do banco (saidinha) ou mesmo sequestrando de forma organizada ou espontânea.

Penso que existe um problema anterior que precisamos analisar, ou seja, a violência da imposição ao consumo por meio das publicidades e propagandas que querem vender de qualquer jeito. Vejo jovens que são capazes de assassinar o colega para tomar o seu tênis, homens e mulheres que são capazes de matar o marido, a mulher, a mãe, o pai, o avô para ganhar o dinheiro do seguro. A loucura pelo dinheiro, esse “Deus que assassina”, está produzindo violência contra seus próprios irmãos. Uma violência fácil, que age por qualquer motivo, que tira a vida por coisas fúteis. Nesse sentido, penso que precisamos trabalhar pela reeducação da sociedade como um todo.

Um novo país, com uma nova moral deve ser construído. É preciso fazer a crítica social, política e moral desse País e dessa cultura que tem produzido ladrões por todos os lados. A responsabilidade para combater a violência coibindo as ações destrutivas é de toda a sociedade, uma vez que somos nós (cidadãos) que escolhemos e controlamos os nossos governantes.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por