Violência e corrupção

Tragédia no Sul 1

Fabio Biral

Jornalista, Campinas

No final de um programa de TV, um comentarista afirmou: a tragédia no Sul não foi uma fatalidade e sim um fato criminoso. Concordo. Até onde vai a parcela de culpa dos donos da boate sobre a responsabilidade pela tragédia em Santa Maria? A negligência em relação à segurança do local, pela qual os proprietários da Kiss respondem por inúmeras causas que colocavam em risco o público presente, a postura e a atitude deles foram os principais fatores que desencadearam o ocorrido. O integrante da banda quando disparou o sinalizador não sabia que o local se transformaria numa espécie de barril de fumaça tóxica. Esses proprietários deveriam receber a pena máxima que nosso Código Penal pode prever. Sobre os demais responsáveis (banda, autoridades e fiscais), tiveram gravidade adicional e também precisam ser processados.

Tragédia no Sul 2

Cecilia Guarnieri Batista

Prof. universitária, Campinas

Como publicado em 3/2, foram entrevistados frequentadores de casas noturnas e, “para parte dos jovens ouvidos pelo Correio, o que vale é se divertir, mesmo que para isso seja preciso ignorar riscos ocultos da noite”. Acontece que riscos podem ser minimizados pela combinação de duas forças poderosas: 1) ação do Poder Público de legislar e fiscalizar, e 2) pressão da sociedade civil para o cumprimento de normas de segurança. O consumidor pode incluir segurança entre os itens a serem levados em conta ao escolher um bem ou produto. À semelhança da cobrança de higiene e qualidade em restaurantes podemos também passar a pressionar pela segurança dos diferentes ambientes que frequentamos.

Tragédia no Sul 3

Sérgio José de Souza

Professor e contabilista, Campinas

Estamos vivendo um momento de reflexão: a falta de fiscalização e a irresponsabilidade de muitos acabaram com o sonho de muitas famílias. Durante a semana, vimos a Prefeitura de Campinas fiscalizar vários estabelecimentos e em alguns casos houve até lacração. Gostaria de alertar aos responsáveis que voltem seus olhos aos templos religiosos, independentemente de denominação. Hoje, umas das poucas exigências que a Prefeitura faz a esses estabelecimentos é a necessidade de alvará de funcionamento, e, infelizmente, muitos deles não o tem. Espero que todos os responsáveis, tanto pelas instituições religiosas como pela fiscalização, se atentem a isso e abracem essa causa, pois, mais que uma obrigação, isso é um ato de amor ao próximo.

Tragédia no Sul 4

Silvio Marcos Coghi

Professor, Campinas

Há alguns anos, na empresa em que eu trabalhava, participei de um curso de prevenção e combate a incêndios, curso esse dado por um capitão e um sargento do Corpo de Bombeiros. De acordo com tal curso, há duas “regras de ouro” sobre o assunto: a primeira é que a principal causa de incêndio no Brasil é o fato de o brasileiro não acreditar nele; a segunda é que sempre, por trás de todo incêndio, há a mão do homem. Alvará — que é só um papel — vencido ou a falta dele não causam nem evitam incêndios; a ausência ou presença de fiscais, a (in)existência de saídas de emergência não causam e nem evitam incêndios. Se as “regras de ouro” fossem seguidas, os incêndios por aí não estariam acontecendo, inclusive o mais recente em Santa Maria. Ou será que essas regras foram revogadas? E agora, quem é o culpado? Eu digo quem é: Pôncio Pilatos.

Renan Calheiros

Oswaldo Baptista Pereira Filho

Eng. aposentado, Campinas

Seguindo o raciocínio do Renan e por extensão dos seus colegas, podemos concluir: o código de ética do Senado não é o mesmo da sociedade, assim como o das penitenciárias. A ferocidade com que Collor (logo ele) verbalizou contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em razão da denúncia contra Renan por três crimes com provas contundentes, além de Renan negá-los, deixou claro que o código de ética deles é outro. Os 56 votos que Renan recebeu da Casa mostram indubitavelmente que a denúncia o credenciou ainda mais para a presidência do Senado, levando-se em conta as denúncias de crimes existentes contra grande parte dos senadores. Com o deboche desse tipo de gente, a democracia mais uma vez está sendo violentada.

Violência

Ruy Carlos Ribeiro Machado Filho

Agricultor, Campinas

Mais uma vida nos foi tirada e aqui fica a homenagem ao grande Sergião Zakia, sempre risonho e

brincalhão, amigo prestativo, sempre disposto a ajudar e, principalmente, alegrar o ambiente ou aos amigos que ele encontrava. (…) Por que um ladrãozinho de “merreca de dinheiro”, de uma porcaria de um celular, precisa atirar contra uma pessoa? (…) Cadê nossa segurança, cadê a nossa liberdade? E olha que essa esquina (onde ocorreu o crime) está a dois quarteirões da casa de um delegado federal e de dois delegados da Polícia Civil. Agora pasmem, a uma casa, ou seja, vizinha da residência do nosso ex-prefeito Magalhães Texeira. Esse é o preço que nosso querido Sergião, pagou. Vamos acordar gente, está na hora! (…)

Corrupção

Nelson Luiz Neves Barbosa

Engenheiro-agrônomo, Campinas

Primeiro, expresso minha revolta em pagar tantos impostos e tão caros. Segundo, abomino a forma que políticos incompetentes e corruptos aplicam meu suado pagamento. Sugiro que paguemos impostos, taxas etc. em juízo e que seja liberado somente após a comprovação da aplicação correta e patriótica, respaldada por um planejamento aprovado por um comitê ético e patriótico, representado por 10 entidades civis, de comprovada competência e idoneidade, tipo GV. Basta de ver tanta falcatrua e corrupção com o nosso dinheiro.

Bugre

Miguel Nucci

Eng. aposentado, Campinas

A coisa está feia. Como bugrino, me sinto no direito de perguntar: por que Zé Teodoro foi embora? Quem é o responsável pelas contratações dos “astros” bugrinos? Quais diretores, gerentes etc. são possuidores dos passes de alguns jogadores? Quem obriga quem a escalar esses “pernas de pau”? Alguns como Dudu, Michel etc. não jogariam nem no meu time da madrugada no Círculo Militar.

Senador

José Lino de Souza

Administrativo, Campinas

Por favor me diga, o que faz um senador no Brasil? Pelo que eu sei, nada do que faz reflete diretamente em nós eleitores. Pergunte a qualquer um: qual foi o senador em quem votou? Ninguém lembra. Acho que devemos levantar aquela bandeira de que devemos acabar com o Senado brasileiro. Um senador que foi acusado de crimes contra o País foi eleito presidente da instituição, e com a maioria dos votos de seus pares. Podemos chamar isso de formação de quadrilha? Se já foi constatado que esse indivíduo cometeu crime de peculato, desvio de verbas, uso de poder em seu próprio benefício, o que se esperar desse Senado? Esses senadores perderam uma ótima chance de mostrar um pouco de coerência com os novos tempos de mudança e moralização do Poder Público. E agora? Quem poderá nos defender?