JULIANNE CERASOLI

Vida de novato

Julianne Cerasoli
13/06/2015 às 14:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:48

É raridade um piloto admitir que errou. Basta ver Kimi Raikkonen, após rodar pelo segundo ano seguido no GP do Canadá, responsabilizando o mapa de motor de sua Ferrari. É por isso que o final de semana em Montreal tem tudo para marcar Felipe Nasr. O próprio piloto disse que este foi o GP mais desafiador de sua curta carreira até aqui - e sua reação frente aos problemas impressionou. Nos treinos livres de sexta-feira, seu engenheiro trouxe novas ideias para melhorar o acerto do carro depois do péssimo rendimento de Mônaco. Ele e Marcus Ericsson foram à pista com configurações diferentes - e o brasileiro não aprovou as novidades. No dia seguinte, as mudanças foram revertidas. Ao mesmo tempo, Nasr conviveu com o mau funcionamento do freio; seu pedal estava "longo". Isso em uma das pistas em que é impossível ter um bom rendimento sem muita confiança nas freadas - motivo por trás, inclusive, das quatro vitórias de Lewis Hamilton. Mas nada disso explica o erro do sábado de manhã, quando Nasr encostou no botão do DRS enquanto aquecia os pneus e conversava com o engenheiro, e bateu forte. Um erro bobo, que ele assumiu tão logo voltou para os boxes. Na entrevista após a classificação, listou o ocorrido com uma linha de pensamento que se assemelha a um engenheiro: a batida tinha acontecido por diversos elementos combinados, não foi uma coincidência, e ele precisa entender cada um deles para se certificar de que isso não se repita. A mesma receita foi necessária depois da corrida, em que mais um problema ocorreu: uma falha no motor Ferrari tirou potência da Sauber nas 10 primeiras voltas e o afastou do pelotão. Freando antes pelos problemas que vinham da sexta-feira, ele não conseguiu se recuperar. "Mas nada disso vai me abalar", garantiu o piloto, atrasado para a entrevista uma vez que ficou reunido por mais tempo do que o normal com os engenheiros. Abalar o novato que demonstra mentalidade de piloto rodado realmente parece difícil. Mas talvez o fator que desencadeou todos os problemas do Canadá possa entrar em sua lista de avaliações para os próximos GPs: a independência em relação às opções do engenheiro. Há no próprio staff do piloto uma impressão de que Nasr sente o peso de ser estreante quando tem de questionar decisões da equipe. Perguntado sobre o assunto, o piloto defende que é importante escutar o time e que, aos poucos, eles vão se conhecendo melhor e aprendendo juntos, que é uma questão de tempo. Pelo tipo de mentalidade que vem apresentando, não é de se duvidar.

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