CÉLIA FARJALLAT

Venda Grande

Célia Farjallat
igpaulista@rac.com.br
20/06/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:32

Venda Grande, no dizer do historiador Celso Maria de Melo Pupo, tem sido uma tradição estremecida. Os antigos a ela se referiam com veneração, cultivando sua memória , como a de um ato meritório, merecedor de uma memória, que se perpetuasse e se transmitisse às gerações vindouras.

Acontece andei interrogando pessoas ilustradas, aqui e ali :umas desconheciam o episódio ; outras dele ouviram falar, vagamente ; e outras ainda me pediram que resumisse o episódio, pois queriam saber que Venda Grande era aquela.

Por isso , atrevi-me a arrancar lá do fundo da memória , narrativas antigas de mestres do passado , de descendentes daqueles campineiros participantes de um movimento revolucionário, que foi abafado, sem vencedores .

Durante gerações falou-se do movimento armado dos liberais que haviam se envolvido em uma revolta logo abafada perto da então famosa Venda Grande . Então, por volta de 1843 , houve uma anistia, e o retorno de muitos revolucionários de um combate que ali mesmo foi travado..

Depois não se falou mais nisso. Mas a cicatriz ficou. Relembrando. O movimento liberal levantou-se contra os conservadores , que estavam no poder, e em 1842 ,os acontecimentos precipitaram-se. O verdadeiro historiador da Venda Grande, Amador Bueno Machado Florence publicou na Gazeta de Campinas, em 1882, uma série de 14 crônicas, relatando o que havia acontecido... O cronista era filho de Hércules Florence que foi amigo íntimo e compadre do cabeça da revolução , em Campinas, e relatou minuciosamente os episódios da ação revolucionária de 1842 em Campinas, ressaltando o heroísmo dos participantes.

Foi aqui que o exército imperial encontrou resistência . Foi aqui que sangue paulista e campineiro ensopou o solo da província , na coragem de um punhado de bravos, que não queria recuar. Mas Caxias, chefe das hostes governamentais foi generoso. Não quis esmagar os vencidos, embora tivesse tido ação fulminante contra eles. Debelada a revolta, enterrados os mortos, poucos foram aprisionados . Um deles foi Boaventura Soares do Amaral, capitão, assassinado a sangue frio pelos soldados do lado conservador .Ele ficou como símbolo dos liberais vencidos. A Gazeta de Campinas de 16 de julho de 1882, registrou a exumação das vítimas e o translado solene de seus despojos para um cemitério público de Campinas.

Em março de 1843 foi promulgada lei concedendo anistia aos vencidos envolvidos. Mas como olvidar o episódio liberal surgido aqui mesmo e regado com o sacrifício e o sangue de um punhado de nossos conterrâneos?

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