Sessão de Cinema

Velozes e Furiosos 7

O que esperar de um filme que é a continuação de número sete? Nada. Não há fôlego possível – como est&aacu...

João Nunes
02/04/2015 às 07:41.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:39

Velozes e Furiosos 7 (João Nunes)

O que esperar de um filme que é a continuação de número sete? Nada. Não há fôlego possível – como está explícito em Velozes e Furiosos 7 (Furious 7, Estados Unidos, 2014), de James Wan. Na verdade, ele não tem sequer identidade porque mistura ação, policial, drama, romance, comédia e carros, tudo ao mesmo tempo agora.

Pensando melhor, a identidade da mais recente sequência é precisamente a mistura do que foi produzido anteriormente na série porque o objetivo foi realizar um filme-homenagem ao astro Paul Walker morto em novembro de 2013. Eis, portanto, a definição de Velozes e Furiosos 7. Além de o filme em si ser a homenagem, as cenas finais não deixam dúvidas.

Olhando sob este viés, os produtores acertaram. Mesmo meio açucarada no desfecho, a homenagem cabe perfeitamente. Valeu inclusive o esforço em criar imagens virtuais do ator (e a presença dos irmãos Caleb e Coby Walker no lugar dele nas últimas cenas) para mantê-lo dentro da história – uma vez que ele havia filmado boa parte dela.

E claro, tem uma tempestade inacreditável de efeitos especiais. Costumo criticar o excesso de efeitos porque, em muitos casos, eles são tão eficientes quanto artificiais – o que não ocorre aqui. Claro que o trabalho da equipe de efeitos merece elogios, mas o filme não melhora por conta deles. Digamos que adorna, dá um charme – em especial no 3D e na tela grande.

Mas tudo em Velozes 7 é exagerado e espetacular – pudera, vejam o orçamento fabuloso. E o exagero traz a conta, pois há tanta pancadaria, tiros, explosões, sopapos, enfretamentos e perseguições de carros em alta velocidade que cansa. Poderia parar nos 120 minutos (ele tem 137), pois, sim, já entendemos: a produção é grandiosa mesmo, os efeitos são o que há de mais moderno, exibiram tudo o que tinham direito.

E se no começo o roteiristas Chris Morgan e Gary Scott Thompson se levam a sério demais (há um dramalhão em que a mocinha tem amnésia) e uns diálogos dignos de A Usurpadora (especialmente aqueles ditos por Vin Diesel – canastrão como nunca), a partir de determinado momento, a dupla de autores relaxa e se diverte.

Não só porque tenta (sem sucesso) umas piadinhas (há um personagem que assume o arquétipo do palhaço), mas porque decidem barbarizar com o absurdo. Fica decidido que, pós Velozes 7, os carros voam. Danem-se as leis da física – se elas não prevêem, problema delas. Mesmo sem asas, eles voam de um edifício para outro, precipitam-se sobre precipícios, saltam de aviões, pulam montanhas. Um assombro.

Ninguém está cobrando verossimilhança, sabemos que se trata de brincadeira, mas ao menos nas lutas (ou na queda de um precipício) alguém deveria arrancar sangue do outro. Cada soco daquele na cara provocaria enorme estrago. Mas não. A mocinha que despenca do precipício, por exemplo, só borrou o rímel – o único sinal da queda.

Está bem, entremos no jogo e aceitemos a brincadeira. Isto não redime o roteiro confuso e a trama requentada. Vejam: após os acontecimentos em Londres, Dom (Vin Diesel), Brian (Paul Walker), Letty (Michelle Rodriguez) e equipe voltam para os Estados Unidos. Mas a tranquilidade do grupo dura pouco. Ian Shaw (Jason Statham), assassino profissional, quer vingança pela morte do irmão.

Com todo respeito, um tédio. Mas os fãs devem adorar, especialmente porque o que menos importa é a história – dessas, roteiristas fazem às pencas em Hollywood. Esse tipo de cinema que espetaculariza a violência usa todo seu poderio econômico para divertir. É disto que se trata. Bom divertimento para quem gosta.

* Publicado no Coreio Popular de Campinas em 2/4/2015

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