Velha rodoviária de Campinas tem área liberada para obra

A Prefeitura de Campinas liberou o terreno da velha rodoviária para a construção de um empreendimento imobiliário que deve começar a ser erguido no próximo ano. A obra promete revitalizar toda a área do bairro Botafogo, que ficou depreciado após a implosão da velha construção, há cerca de três anos. Representantes da Cem Empreendimentos e da Administração municipal se reuniram na segunda-feira (18) para a apresentação da proposta do empreendimento. Na próxima semana o grupo de investidores volta à Prefeitura para expor um pré-projeto da construção que planejam erguer no local. A intenção é construir no terreno, em uma área de cerca de 10 mil metros quadrados de propriedade da Cem, edifícios de uso misto ou multiuso, com unidades comerciais, de serviço e também residenciais. Além de promover toda uma revitalização do seu entorno. A empresa vê a área com grande potencial. O imbróglio do terreno da antiga rodoviária começou logo após a implosão do prédio, em 2010. Uma parte pertencia a Maternidade de Campinas (cerca de 7,5 mil metros quadrados) e uma outra, menor, cerca de 2,1 mil metros quadrados, à Nehmy & Valin. Porém, segundo a Prefeitura a área menor possuía entraves jurídicos — uma dívida de cerca R$ 2 milhões referentes ao pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Como não houve o pagamento, a Administração entrou com o pedido de desapropriação do terreno como forma de ressarcimento. Para agilizar, já que o processo da desapropriação estava se arrastando desde 2010, a Cem resolveu assumir a dívida com a Prefeitura, além de adquirir a área da Nehmy & Valin. “A Cem providenciou e quitou o débito de IPTU. Com a quitação, fizemos um acordo para a desistência da ação. Agora o impasse termina e o terreno está liberado para o início do projeto de construção. A Prefeitura pretende ajudar no que for possível para que toda aquela área seja revitalizada e isso vai ser possível com a vinda do empreendimento”, afirmou o secretário de Administração, Sílvio Roberto Bernardin. Ele afirmou que na próxima semana haverá uma nova reunião para a apresentação de um projeto. “Não existem mais pendências no terreno. Agora, a Prefeitura vai analisar o esboço do projeto e se for aprovado a obra começa”, disse. O consultor de negócios da Cem Empreendimentos, Itamar Suave, adiantou que técnicos irão apresentar para a Administração a ideia do projeto. “Estamos analisando passo a passo tudo o que precisa ser feito antes. Vamos esclarecer todos os pontos jurídicos para a área. Já fizemos todo o estudo de solo do local, topográficos, ambientais também. Tudo o que vai no projeto básico foi feito nos últimos anos. A área é muito importante e vamos mudar totalmente o Botafogo. A Prefeitura está empenhada em nos apoiar no que for necessário e isso é de grande valia”, afirmou.Desde o ano passado, quando começou a adquirir parte do terreno, a empresa começou a aterrar parte da área. Implosão O antigo terminal rodoviário funcionou na quadra entre a Avenida Andrade Neves e Rua Barão de Parnaíba durante 35 anos — até junho de 2008. Em março de 2010 o prédio foi implodido com 200 quilos de explosivos, e obrigou o isolamento de uma área de 200 metros com cerca de 1,3 mil moradores. Em apenas três segundos, o prédio de 8 mil metros quadrados veio abaixo, deixando 12 mil toneladas de entulho. A mudança da rodoviária prejudicou o movimento de bares e estacionamentos do entorno do prédio. Muitos comércios faliram e estacionamentos foram fechados. Além disso, a vizinhança foi tomada por usuários de crack, pontos de tráfico de drogas e moradores de rua. Moradores antigos do bairro afirmam que a degradação tomou conta do entorno da área e dizem que sofrem com a sensação de insegurança. Entre as principais reclamações dos moradores, estão a falta de regularização de pensões e hotéis de curta permanência e o grande número de usuários de drogas — em especial do crack — que tomam as ruas do bairro à noite. A liberação do terreno era uma reivindicação antiga dos moradores que acreditam que a revitalização depende do novo empreendimento.