ZEZA AMARAL

Vaticanistas e a Bolsa do Bode

Zeza Amaral
17/03/2013 às 05:02.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:31
ig-zeza-amaral (AAN)

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Coisas mais sérias envolvem a eleição do novo papa. Não se trata do uso de camisinhas, do aborto, eutanásia e células troncos. Quanto à vida humana, ela estará bem defendida pelos Católicos — ou melhor, pelo novo papa, um jesuíta de origem e prática, cozinhando o próprio alimento e lavando as próprias vestes. E que os católicos se lembrem da Missa do Lava-pés, um ritual de humildade que o próprio Cristo praticou. Padre Vieira deve estar satisfeito, bem sei.

Não tenho nada de fé. Sou agnóstico; e também invejoso da fé dos homens e mulheres que se recolhem às igrejas, orando e se penitenciando, embora se divorciando e usando ferramentas anticoncepcionais, pílulas do dia-seguinte, DIU e camisinhas. Crescei-vos e multiplicai-vos, está lá na Bíblia de todos os homens de fé do planeta. São tantos anos de encrencas cívicas, cruzadas históricas, gregos contra troianos, guerras mundiais entre democratas e ditadores, até chegarmos a um Oriente Médio que ainda mata cristãos, apedreja mulheres e enforca homossexuais em ruas públicas.

Não vivo em um mundo novo e tampouco me iludo com algumas questões que envolvem a saúde pública, fumar em ambiente fechado, beber e depois dirigir, pois é certo que longe dos olhos da lei muitos homens se enricam fabricando produtos perigosos que prometem emagrecimento rápido, cura da celulite e rugas da idade, da vivace sexual e por aí vai.

Sou experimentado nessas coisas. Meus cabelos e barbas brancos são testemunhas do que vivi e sei. Alguém que não me lembro já disse “nada do que é humano me surpreende”. E nada sei de Deus e das coisas divinas, dos anjos da guarda, dos santos milagreiros e remédios indígenas que, pelo visto, segundo os seguidores da Marina Silva, os sonháticos, só funcionaram para um povo que ainda não conhecia a gripe e o mais simples resfriado.

Parabéns, indigenistas! E aqui é bom lembrar dos jesuítas que criaram os “Povos das Missões”, comunidades onde viviam milhares de índios sulistas, mais tarde dizimadas pelas forças portuguesas e espanholas.

Políticos gostam de leis que os farão acima dos tempos; e os seus salários crescem como as tiriricas em nossos jardins. E tudo é muita conversa e os otários são os mesmos de sempre, aplaudindo quem fala mais grosso e alto. E o Brasil não cresceu mais do que 0,9% e a presidente Dilma acaba de anunciar que vai lançar a Bolsa do Bode, um projeto que visa dar amparo aos nordestinos que perderam suas criações por causa da seca. Mas tal ação somente será concretizada em 2014, quando ela se candidatar à reeleição.

Tudo muito óbvio; tudo o mais do mesmo. E esqueçam aquela ideia de um homem, um voto — coisa que nunca aconteceu por aqui, é bom lembrar. Mas Dilma agora quer modernizar tal conceito democrático: um bode, um voto — ou uma bolsa família e um voto. Plágio político do “lulopetismo”, o mais do mesmo.

E nada mais digo. E pasto de mandacaru é o que não falta nos sertões brasileiros. E de vaticanistas então nem se fala.

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