Colônia introduziu cultivo da goiaba, que hoje é uma das frutas que simbolizam a cidade
Há 65 anos, as primeiras famílias de agricultores japoneses se mudaram para Valinhos. E elas transformaram o bairro rural do Macuco, ali do outro lado da Anhanguera, num importante polo produtor de frutas. Introduziram o cultivo da goiaba, por exemplo, nas roças que também ficaram famosas pela produção de figo, uva, seriguela… A colônia teve participação estratégica no desenvolvimento da cidade. Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil a bordo do Kasato Maru, há cem anos. Do porto de Santos, se espalharam por todo o estado. E a maior deles se fixou no Noroeste paulista. Plantou tomates, produziu ovos, abanou café.Em 1954, os Hirayama e Yonemura se mudaram para o Macuco, em terras arrendadas. Nos meses seguintes, se juntaram por ali pelo menos outras 15 famílias. No mesmo ano, para se ter uma ideia, foi criada uma associação cultural, a Nipo-Brasileira, ali mesmo no bairro rural. O pessoal era engajado. Em cinco anos, por exemplo, foi erguida a sede social. As famílias se encontravam, difundiam valores, faziam festa, compartilhavam dores e alegrias. Forte, a associação resistiu ao longo das décadas e preservou tradições. Ainda hoje promove bailes, jantares, torneios esportivos. O agricultor Jorge Kushi, de 53 anos, é o atual presidente da associação. Ele coleciona causos e ouve falar das dificuldades dos tempos remotos. Os casamentos se limitavam aos grupos familiares que compartilhavam a roça. Como tudo era muito longe, o convívio social basicamente se e limitava àquelas famílias. Os oratórios montados dentro de casa, por exemplo, eram importantes para celebrações religiosas que nem eram conhecidas por aqui. Os próprios registros históricos da Prefeitura de Valinhos dão uma ideia de como era a situação. Para a criançada do Macuco, no começo, faltava até escola. A mais próxima ficava a oito quilômetros. A própria associação Nipo doou um terreno e solicitou à Prefeitura a construção da escola, que acabou sendo inaugurada em 1970. Depois do tomate, a goiaba A produção do tomate, tradicional entre os famílias japonesas antes da mudança para o Macuco, aos poucos abandonada com o desgaste da terra. A colônia precisou diversificar, e as primeiras sementes de goiaba foram cultivadas. A fruta teve valorização comercial na década de 80, quando também chegou a Valinhos Yoshinobu Kusse, hoje um dos maiores produtores de goiaba no município. Tio do presidente da atual da associação, por sinal. A cidade, que já se gabava de ser a capital do figo roxo , também se tornou a maior produtora de goiaba de mesa do Brasil. Segundo a Prefeitura a safra atual vai totalizar 14 mil toneladas da fruta e R$ 60 milhões em faturamento. Conheça A expressiva produção de goiaba em Valinhos e a importância do cultivo para a agricultura local levou o Município a criar a Expogoiaba, evento que ocorre junto com a Festa do Figo, que acontece até o dia 3 de fevereiro, no Parque Municipal Monsenhor Bruno Nardini. O interessante é que a festa disponibiliza um passeio de ônibus dos visitantes até as roças produtivas do Macuco. O veículo sai a cada três horas, aos sábados e domingos. Os números 1,5 milhão de pessoas: Fazem parte hoje em dia da comunidade japonesa do Brasil. 45 famílias: Fazem parte hoje em dia da Associação Cultural Nipo Brasileira do Bairro Macuco. FRASE "Hoje há quem trabalhe na cidade. Mas muita gente ainda mora na roça e segue produzindo frutas" JORGE KUSHI , diretor da Associação Nipo-Brasileira