JOGO RÁPIDO

Vale a pena inchar a Copa do Mundo?

Coluna publicada na edição de 24/5/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
24/05/2019 às 02:00.
Atualizado em 03/04/2022 às 09:58

Ainda que por linhas tortas, a Fifa deu na quarta-feira uma boa notícia ao mundo do futebol. A entidade desistiu de realizar o Mundial de 2022 com 48 seleções. Assim, a próxima Copa terá “apenas” 32 equipes, com o mesmo formato implantado na edição de 1998, na França. Dois motivos levaram a Fifa a desistir da mudança. O primeiro é logístico. Muitos patrocinadores e investidores já estão trabalhando com base no formato atual. Anunciar uma mudança agora, a menos de quatro anos do evento, causaria alguns transtornos. O outro empecilho é político. O Catar tem um território pequeno, equivalente à metade da área de Sergipe. Com 48 seleções, a Fifa teria que levar algumas partidas para países vizinhos, como Emirados Árabes e Arábia Saudita. O problema é que a relação do Catar com ambos é péssima. Com tantos obstáculos difíceis de contornar, a Fifa tomou a sensata decisão de anunciar, desde já, que a Copa do Mundo de 2022 será realizada com a mesma fórmula das últimas seis edições. Infelizmente, tudo indica que a Fifa apenas guardou a ideia na gaveta. A entidade já definiu que a Copa do Mundo de 2026 — que terá Canadá, México e Estados Unidos como sedes — terá 48 participantes. Ferrenho defensor da ideia, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, acredita que o novo modelo vai deixar a Copa do Mundo ainda mais lucrativa, com melhores contratos de patrocínio e cotas de TV. Ele tem razão, já que com um número 50% maior de participantes, mais empresas e mais torcedores estarão diretamente envolvidos com o Mundial. Mas e o aspecto esportivo, como fica? O primeiro impacto será nas Eliminatórias, competições que ocupam cerca de dois anos dos calendários das seleções. É bem verdade que é chato termos uma Copa sem Holanda, Itália e Chile, como aconteceu na Rússia-2016. Mas será muito pior termos uma infinidade de jogos com a certeza de que todas as seleções grandes e médias vão se classificar. As Eliminatórias, que com certa frequência deixam grandes seleções sob enorme pressão, vão ficar totalmente desinteressantes. Mas o impacto na Copa do Mundo em si deve ser ainda maior. A primeira fase terá 16 grupos de três times. Como os dois melhores de cada chave avançarão ao mata-mata e as seleções “extras” serão tecnicamente frágeis, muitas das 48 partidas da fase inicial terão baixo interesse. Vale a pena fazer isso com a Copa do Mundo para faturar mais? Eu acho que não. E espero estar enganado.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por