CAMPINAS

UTI de hospital ficará fechada por 30 dias

Sete estão isolados em leitos da Unidade de Terapia Intensiva e quatro estão na internação

Cecília Polycarpo
cecília.cebalho@rac.com.br
27/07/2013 às 11:45.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:27

Um surto da versão resistente da bactéria Klebsiella pneumoniae deixará a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Maternidade Celso Pierro, da PUC-Campinas, fechada por pelo menos um mês. No total, onze pacientes estão contaminados, sete isolados em leitos da UTI e quatro isolados em vagas de internação comum. Apenas um deles, que está na UTI, desenvolveu a infecção no sangue. A superbactéria não responde com facilidade a antibióticos e pode causar pneumonia, infecção sanguínea, urinária, em feridas cirúrgicas e enfermidades que podem evoluir para um quadro de infecção generalizada, e eventualmente levar à morte. Por esse motivo, desde sexta-feira o hospital não recebe mais pacientes na unidade. Os enfermos que já se encontram na UTI continuarão em tratamento. As informações foram passadas na manhã de ontem pelo médico e diretor técnico do hospital, Ricardo Sugahara, e pela coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Celso Pierro, Irene Rocha Haber. Segundo eles, a Klebsiella pneumoniae existe no hospital desde 2009, mas em janeiro a equipe verificou o aumento da versão resistente, a Klebsiella pneumoniae Carbapenemase, a (KPC). A UTI não havia sido interditada anteriormente porque os níveis de contaminação estavam dentro da curva aceitável para a unidade continuar atendendo, segundo Irene. Mas novos resultados de exames laboratoriais, do Instituto Adolfo Lutz, chegaram e vimos que os casos aumentaram" , explicou. De acordo com a coordenadora, desde janeiro foram 34 pessoas contaminadas. "Mas isso não quer dizer que elas desenvolveram a doença. Hoje temos apenas um paciente no hospital com a infecção. A doença se desenvolve em pacientes muito fragilizados, que já estão sob muita medicação. Por isso é comum em UTI" , afirmou Irene. Ainda de acordo com a coordenadora, quase todos os hospitais têm a presença da bactéria hoje. "O problema é quando as versões resistentes se proliferam rápido" . Os pacientes em isolamento, são tratados por profissionais que usam luvas, avental e máscara. Cada um deles está em um cômodo separado, que fica com as portas fechadas. As roupas e utensílios de médicos e enfermeiros que entram em contato com os contaminados são imediatamente descartados após o uso. Os visitantes também precisam entrar com proteção na ala. "São medidas que não são comuns em UTI. A luva, por exemplo, não é normalmente usada" , disse a coordenadora. A direção do hospital não sabe as causa dos surto e fará uma investigação interna. Além disso, a ala de UTI passará por adequações estruturais que devem facilitar a limpeza e descontaminação do ambiente. "Vamos refazer a pintura, reparar algumas ranhuras. O Celso Pierro é um hospital antigo, que precisa ser readequado. Mas isso não quer dizer que as pessoas foram contaminadas por isso. Seguimos todas as normas rígidas de limpeza e procedimentos para evitar contaminação" , disse Sugahara. A UTI adulto possui 19 leitos, nove para atender pacientes do Sistema Único de Saúde e dez para usuários de convênios. A direção do hospital informou que passam, em média, 80 pessoas por mês pela UTI. A Secretaria de Saúde entrou em contato na noite de sexta-feira com os hospitais municipais Dr. Mario Gatti e Ouro Verde, para que haja um reforço da equipe e da estrutura física desses locais para atender a demanda de pacientes. Com os leitos isolados, haverá sobrecarga nas outras unidades. No Mario Gatti, são 16 vagas na UTI disponíveis, e 20 no Ouro Verde. Bactéria A médica infectologista da Vigilância Sanitária de Campinas Ana Laura Tozi Zanatto Bortolli explicou que o que torna a Klebsiella pneumoniae mais virulenta são seus mecanismos de defesa. A Carbapenemase é uma das enzimas usadas por certas versões da bactéria para combatar antibióticos. "O que causa o aparecimento das superbactérias é o uso indiscriminado de antimicrobianos. Ocorre o que chamamos de pressão seletiva, em que as bactérias mais sensíveis morrem e as mais fortes se tornam mais virulentas" , explicou. A enzima é um complicador para o combate de infecções, pois reduz drasticamente o cardápio de antibióticos para o tratamento. "O sucesso vai depender principalmente da resistência de cada paciente. Mas geralmente eles estão debilitados, com imunidade baixa. Todo quadro de infecção por superbactéria é grave e inspira cuidados" . A transmissão pode acontecer por meio do contato pessoal, pelas mãos, ou ferramentas, por isso a necessidade de manter o paciente isolado.

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