Maioria desconhece inclusão do nono dígito nas chamadas, em vigor há 22 dias
A comerciante Djanira dos Santos não sabia que era preciso acrescentar o nono dígito: "Como faz?" (Érica Dezonne/AAN)
Vinte e dois dias depois da implantação do nono dígito nos telefones celulares do interior paulista, muitas pessoas ainda não se adaptaram à mudança e algumas até desconhecem a sua existência. Na primeira semana, as ligações foram completadas automaticamente e, atualmente, elas estão sendo interceptadas pelas operadoras, que orientam o cliente a incluir o 9 no número discado. O serviço, entretanto, está com os dias contados. A partir de 3 de dezembro de 2013 nenhuma chamada marcada com oito dígitos será completada e não haverá mais interceptação.A mudança nas cidades de São Paulo com DDDs de 12 a 19 ocorreu no dia 25 de agosto, depois de acontecer no DDD 11 — que inclui a capital paulista e mais 63 municípios. O objetivo do acréscimo do 9 é aumentar a disponibilidade de linhas e padronizar a numeração da telefonia móvel em todo o Brasil. O próximo Estado a receber o nono dígito será o Rio de Janeiro, no dia 27 de outubro. E até 2016 haverá a padronização em todos os Estados brasileiros, segundo cronograma da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).Dona de um pequeno comércio no bairro Jardim do Lago Continuação, Djanira dos Santos, 57 anos, utiliza o celular principalmente para falar com os filhos e com o marido. Ela conta que não sabia da necessidade de incluir o 9 e que há alguns dias encontra dificuldade para completar chamadas. “Não estava nem sabendo disso. Desde domingo tento falar com o meu filho que viajou para Minas Gerais, mas não consigo. A mensagem dizia que tinha que colocar o 9, mas não consegui. Não entendi direito. Como faz?”, perguntou a comerciante. Djanira só conseguiu ficar mais aliviada depois de receber o telefonema do filho.A cabeleireira Eliane Cristina Buzzinaro dos Santos, de 31 anos, conta que ouviu falar da mudança, mas não sabia quando ia começar. “Na televisão falou, mas não prestei atenção no dia que ia começar. Mas como uso pouco o celular, para mim não faz muita diferença”, afirmou. A dona de casa Luciana Mara Carvalho, de 41 anos, sabe, mas está achando complicado. “Por enquanto está dando certo sem no 9. Mas estou achando ruim. É complicado”, disse. Já a empresária Daiana Souza conta que sempre lembra do 9º dígito por um motivo específico. “Não gosto da voz da mensagem e toda vez que vou ligar acrescento para não ter que ouvir”, afirmou.De acordo com a Anatel, cerca de 80% das ligações estão sendo completadas com o 9º dígito. Os outros 20% ainda contam com os serviços oferecidos pelas operadoras, um número considerado dentro da expectativa. Mas a Anatel afirmou que a partir da mudança cada chamada feita com oito números gera um tempo a mais de ocupação da rede, além de custo para as operadoras de telefonia.De acordo com a TIM, o número de chamadas originadas com nove dígitos vem aumentando gradativamente, e o percentual de chamadas discadas usando o dígito 9 já é superior. A operadora informou que está cumprindo a resolução da Anatel. Desde o dia 4 de setembro, as ligações com oito dígitos passaram a ser interceptadas com uma mensagem informando a necessidade de inserir o nove e essa mensagem deixará de ser obrigatória a partir do dia 3 de dezembro, quando as ligações não serão mais completadas.A Oi informou que especificamente para os clientes com código das áreas 12 ao 19 os avisos sobre a mudança serão feitos até o dia 25 de setembro, um mês após o dia da implementação do nono dígito. A Claro informou apenas que os seus clientes foram avisados por SMS, por fatura e também por torpedo de voz sobre a inclusão do nono dígito. A Vivo também disse que seguirá completando as chamadas até 21 de setembro.