PIRACICABA

Usuários de UPA esperam horas por atendimento

Aparentemente acuados, funcionários da unidade de saúde tentavam administrar, dentro do possível, a grande demanda de pacientes na UPA da Vila Cristina

Marcelo Rocha
22/04/2015 às 21:02.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:51
Por volta das 14h30, a unidade estava assim: lotada de pacientes aguardando a vez  ( Antonio Trivelin/ Gazeta de Piracicaba )

Por volta das 14h30, a unidade estava assim: lotada de pacientes aguardando a vez ( Antonio Trivelin/ Gazeta de Piracicaba )

Superlotação e demora no atendimento médico. Essas foram as reclamações da população que frequenta a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Cristina em Piracicaba durante esta quarta-feira (22). Por volta das 14h30, havia aproximadamente uma centena de pessoas à espera de atendimento no posto médico. Alguns pacientes relataram à reportagem que estavam no local desde as 8h. O porteiro Samuel Souza, 42 anos, foi quem puxou a fila das queixas feitas à Gazeta de Piracicaba, pouco depois das 13h. “Não tem médico suficiente no posto. É a minha sogra que está à espera de atendimento, e pelo jeito vai demorar, porque o pronto-socorro está abarrotado”, relata.A reportagem da Gazeta foi ao local e constatou o situação caótica da unidade de saúde: a sala de espera estava lotada, assim como a rampa de entrada.Aparentemente acuados, funcionários da unidade de saúde tentavam administrar, dentro do possível, a grande demanda de pacientes. O artesão Silas Andrade Alves, 47 anos, conta que deu entrada na UPA às 9h, por causa de um problema no dedo. “Só fui atendido às 15h, estava superlotado, com falta de médicos. E olha que muita gente desistiu de fazer a ficha e foi embora, mas tinha muito mais gente esperando”, diz. Alves relata que procurou a chefe da enfermagem da UPA, que teria lhe dito “temos que nos virar com o que temos aqui”. “E quando chegou um médico, no início da tarde, ele disse que só atenderia 30 pessoas e que depois disso iria embora”, conta. O aposentado José Viana dos Santos, 70 anos, que acompanhava a esposa, estava indignado, por volta das 14h. “Minha mulher está aqui desde as 10h e ainda não foi atendida, só mediram a pressão dela e pediram para ela esperar. Antes, já tínhamos ido na UPA Piracicamirim, mas lá está pior”, afirma. “Estou aqui com o meu avô, de 85 anos, que está com suspeita de dengue, com dor no corpo, de cabeça, fraqueza e vômitos. Só para mostrar o exame de sangue, que ele fez no domingo, ele está aqui desde as 10h, numa maca colocada no corredor”, desabafa a doméstica Adriana Aparecida de Lara Rodrigues, 37 anos, moradora do Jardim São Paulo. Às 14h45, o atendimento da multidão estava sendo feito por dois clínicos gerais e três pediatras, conforme apurou a reportagem. Um terceiro clínico geral trabalhava no setor de emergência. “A prefeitura se gaba que aumentou o número de atendimentos nos PS, mas não contrata médicos”, desabafa uma usuária da UPA, que não quis se identificar. “Ou põem mais médicos para atender as pessoas ou fecham o PS”, critica o pintor Liosmar Miguel Costa, 51 anos, que aguardava atendimento desde as 7h30. “Fiz uma cirurgia, no mês passado, e agora o local inflamou. A situação aqui está feia. A população paga impostos então tem mais é que cobrar”, diz. Maria Inês Cardoso, 36 anos, professora da rede estadual de ensino, estava revoltada com os problemas verificados na UPA. “Estive aqui ontem, das 20h às 23h, para fazer um exame para detectar se estou com dengue. Depois, pediram para eu retornar hoje pela manhã, lá pelas 8h30, para pegar o resultado do exame e ser atendida. Estou aqui até agora. Tem mais de 90 pessoas para serem atendidas antes de mim, estou na expectativa de ser atendida às 18h”, estima.Perguntados sobre a demora e o grande volume de pacientes, atendentes da unidade de saúde informaram que não poderiam se manifestar sobre a situação. A Secretaria de Saúde do município foi questionada sobre os problemas na UPA. A pasta se manifestou por meio do Centro de Comunicação Social da Prefeitura de Piracicaba. Abaixo, a resposta oficial na íntegra: “Com relação ao atendimento na UPA da Vila Cristina durante o dia de hoje (22), a Secretaria de Saúde esclarece que o atraso registrado foi motivado por dois fatores. O primeiro é o aumento da demanda por causa da dengue, quando mais pessoas estão buscando as unidades de saúde ao sentirem qualquer sintoma que sinalize a possibilidade de dengue. Outro motivo, foi a falta de um dos médicos plantonistas que, por motivos pessoais, não compareceu ao trabalho sem avisar previamente, o que dificultou a reposição de outro profissional para a unidade. A Secretaria de Saúde está agindo durante todo o dia para suprir essa falta e minimizar os efeitos junto aos usuários do sistema”.

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