Procedimento barateia custo de produção e não prejudica qualidade da bebida
Uma pesquisa desenvolvida na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara resultou na produção de cachaça a partir do bagaço da laranja. A bebida fica bem mais barata que o aguardante de cana, pois utiliza os restos da produção de suco. Também não perde em qualidade e, por isso, já foi requisitado o pedido de patente para que em breve possa ser comercializada.
Os testes foram feitos no Centro de Pesquisa da Cachaça instalado há cerca de dois anos na Unesp em Araraquara. Produtores desse setor foram convidados a experimentar o novo produto e aprovaram. A ideia surgiu a partir das próprias indústrias de suco que, assim como as cervejarias, buscam alternativas para as sobras de suas produções.
O estudo teve à frente o professor João Bosco Faria, que montou uma equipe e coordenou a pesquisa. A principal matéria-prima desse aguardente é o líquor da laranja, ou seja, o sumo proveniente do bagaço da fruta. Nas indústrias esse material geralmente é descartado, sendo parte dele algumas vezes usada como complemento em ração animal.
De acordo com o professor, o líquor é uma alternativa vantajosa em relação à cana-de-açúcar por diversos fatores. Ele cita como exemplo a sazonalidade da safra de cana, que faz com que a produção de cachaça seja possível somente durante um período máximo de seis meses. Já o bagaço da laranja pode ser armazenado garantindo um produção contínua durante todo o ano.
Quando for parar no mercado, o novo produto não poderá, no entanto, ser chamado de cachaça. Isso porque trata-se de um termo válido apenas para aguardente de cana produzida no Brasil, já que seus produtores contam com o selo de localização geográfica que impede o uso da marca. Mas um levantamento realizado durante a pesquisa aponta que caso todo o resíduo da indústria da laranja fosse utilizado para fazer a nova pinga, a produção no País seria de um bilhão de litros por ano.
CERVEJA
Os pesquisadores também querem patentear uma cachaça feita a partir das leveduras que sobram na produção da cerveja. Mas nesse caso a pesquisa ainda está em um estágio mais atrasado e o estudo ainda busca aumentar a eficiência do processo. Essas leveduras, responsáveis por transformar o açúcar do líquor em álcool, costumam ser doadas a pequenos produtores rurais para servirem como adubo.