Uma vida dedicada a comitiva country
Piracicaba tem uma das mais tradicionais e unidas comitivas da região
Chapéu, bota, fivela, berrante e canivete na cintura não são apenas acessórios utilizados em festa de peão. Eles fazem parte da vida de muitos apaixonados pelo mundo country, que se unem por meio das comitivas de rodeio, que percorrem o país em busca de diversão e alegria. Em Piracicaba, há três anos, surgiu a Comitiva Chorei Largado, que a cada ano cresce mais. Atualmente, conta com o cadastro de mais de 100 pessoas, de diferentes idades.
Segundo o estudante de biologia João Augusto Cruz Lopes, de 21 anos, um dos idealizadores do grupo, a proposta de fundar uma comitiva de rodeio é antiga. Há oito anos, eles e os amigos (todos apaixonados por esse universo) já pensavam em criar algo do gênero. Mas o nome surgiu inesperadamente no Carnaval, em uma festa que não tem nenhuma ligação com o universo sertanejo. A primeira apresentação do grupo já batizado e devidamente caracterizado (com botas, chapéus e camisetas alusivas) aconteceu em 2010, na Festa do Peão de Piracicaba. Desde então, o grupo foi ganhando força e agregando pessoas de diferentes cidades da região. Além de Piracicaba, existem moradores de Saltinho, Americana, São Pedro, Rio das Pedras e Charqueada.
Lopes conta que ainda criança já era apaixonado por tudo que tinha ligação com a zona rural. "Sou um menino nascido na cidade, mas que gosta do campo". Mesmo estudando e fazendo estágio, diz que gosta de se vestir como um típico comboy. As botas e a fivela são acessórios indispensáveis no seu dia a dia. Somente o chapéu é abandonado parcialmente durante a semana, mas "resgatado" aos finais de semana quando eles se reúnem para percorrer as festas de peão Brasil afora. Nos próximos dois finais de semana, o grupo irá marcar presença na 27º edição da Festa do Peão de Americana, uma das mais tradicionais e importantes festas do país. "Participar da festa de Americana é maravilhoso porque a estrutura é ótima e os shows de qualidade indiscutível. Ela integra o nosso roteiro obrigatório todos os anos".
Foto: Del Rodrigues/AAN Integrantes da comitiva reunidos em momento de descanso antes de mais uma maratona de rodeios
De todos os lugares já frequentados pelo grupo, o mais longe foi na cidade de Goiás Velho (interior de Goiás). Segundo os integrantes da comitiva, mesmo que a festa não tenha uma estrutura boa como a de Americana, eles vão porque o importante é a união. "A gente é quem faz a nossa própria festa", explicou a jovem Paula Lopes, uma das meninas do grupo, namorada de um dos fundadores da comitiva: Roberto Bosqueiro, de 23 anos. Paula disse que todos são apaixonados por música sertaneja e que em seus carros esse tipo de som é obrigatório. Ela afirmou que é uma "bagunça organizada", ou seja, cada um vai levando um pouco de coisa e quando veem eles já estão com tudo arrumado. A improvisação faz parte da rotina deles, pois a alimentação, muitas vezes, é feita em fogões de chão. Engana-se, porém, quem imagina que não há fartura ou conforto em suas viagens. "Quem vai uma vez acaba voltando".
Até mesmo quem não é apaixonado por esse mundo acaba sendo "contaminado", segundo os integrantes. Uma delas é a namorada de João Augusto Lopes. De acordo com o rapaz, ela está se acostumando aos poucos com essa vida. "Tenho certeza que vai acabar se apaixonando também".
Bosqueiro, que é cunhado de Lopes, é o típico garoto da zona rural. Ele disse que não tinha como não se encantar por esse mundo porque o pai é fazendeiro. "Nós plantamos laranja e essa vida que eu escolhi para mim. Durante a semana fico na fazenda e nos finais de semana vamos para as festas".
No caso de Kette Fuzaro, sua paixão pela comitiva não tem limites. Ela fez questão de tatuar o símbolo do grupo na panturrilha de uma de suas pernas. "Essa foi a minha forma de declarar o meu amor". Kette tem um filho de 11 anos (o mais novo do grupo). Segundo ela, o menino também é fã de sertanejo e a acompanha em todas suas viagens. "Hoje ele não veio porque estava dormindo já que fomos numa festa na noite passada", referindo-se à véspera do dia de Santo Antonio (feriado em Piracicaba e Americana).
