Esse é o número médio dos grandes municípios da região; em Campinas, que tem a maior frota, essa relação salta para mais de 300 carros por vaga
A explosão da venda de veículos nos últimos anos, junto à ineficiência do transporte público, faz com que a busca por vagas nas ruas centrais das grandes cidades da RMC vire um desafio ( Dominique Torquato/ AAN)
Encontrar uma vaga para estacionar o carro no Centro das médias e grandes cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) é um exercício de paciência e sorte. Nove municípios contam com o sistema de estacionamento rotativo, conhecido como Zona Azul (Americana, Campinas, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Santa Bárbara d'Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo), para garantir a rotatividade de veículos e democratizar o acesso. No entanto, o número de vagas não cresceu na mesma proporção da frota de automóveis. Existem na região 7.915 vagas de Zona Azul, e segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a frota de carro desses municípios até 2014 é de 1,1 milhão de veículos. Portanto, existe uma vaga para cada 140 carros. Americana, Indaiatuba, Campinas e Valinhos estudam a ampliação do número de vagas, mas sem previsão para entrar em ação. Jaguariúna terá mais 48 vagas a partir do próximo dia 1°. A falta de vagas abre espaço para a atuação de flanelinhas lotearem as ruas da área central, como flagrado na semana passada em Campinas (leia mais na página A4). O preço para estacionar na área central na RMC varia de R$ 0,70 a hora, em Americana, até R$ 3,20 em Campinas.Para Diógenes Cortijo Costa, professor em Engenharia de Transportes da Unicamp, existe a necessidade de ampliar as vagas de estacionamento rotativo. Mas antes é preciso realizar um estudo de demanda e verificar as particularidades de cada município. “Tem que haver planejamento. Podia ser ampliada (número de vagas), mas não pode ser feito de forma aleatória. Tem que ver a capacidade das vias, porque no momento que amplia as vagas prejudica a fluidez do trânsito. O estacionamento rotativo tem o objetivo não de arrecadar, mas de permitir o rodízio e dar oportunidade para todos terem acesso”, explica. Como opções para driblar a falta de espaço para novos espaços, Costa sugere priorizar as vagas e criar bolsões de estacionamento próximo aos terminais rodoviários, a fim de estimular a utilização do transporte para se dirigir ao Centro. “Pode priorizar vagas nas localizações que tem maior demanda e também com menor tempo de permanência. Bolsões também são alternativas, mas funciona mais na periferia. Poderia colocar bolsões nas proximidades de terminais e incentivar o uso do transporte coletivo, como é feito na Europa”, afirma.A situação mais crítica é justamente na maior cidade da região. Existem somente 1.902 duas vagas de estacionamento rotativo na região central de Campinas, para uma frota de quase 600 mil veículos, o que corresponde a uma vaga para mais de 300 carros. Em Americana, a relação é de uma vaga para 170 carros, uma vez que a frota é de 101.897 veículos disputando 600 vagas de zona azul. Já em Sumaré, a frota é de 93.328 automóveis para 746 vagas de estacionamento rotativo, ou seja, 125 vagas por carro.Os motoristas que circulam pelo Centro de Sumaré relatam a dificuldade de encontrar uma vaga nas principais vias da cidade. “É muito difícil, hoje dei mais de cinco fotos para achar. Mesmo com a Zona Azul é complicado encontrar uma vaga. Precisa ampliar, mas não tem para onde crescer, principalmente na avenida 7 de setembro”, diz a psicóloga Flávia Tuckumantel, que já anda com um talão de Zona Azul no carro. Além dos tíquetes, outra opção oferecida em Sumaré é o parquímetro. A dona de casa Vanessa Baptista, de 41 anos, faz uso da máquina quando precisa se dirigir ao Centro. Para ela, a alternativa seria implantar mais estacionamentos particulares, que são raros na região central. “É péssimo parar no Centro, o pessoal pega duas vagas. Zona azul não tem mais como ampliar, acho que precisa ter mais estacionamentos particulares”, sugere.A escassez de vagas na área central chega até a afastar muitos motoristas da área central. “A gente até evita vir de carro, é muito complicado, normalmente tem que dar três ou quatro voltas para achar um lugar”, reclama o comerciante Marcos César da Silva, de 40 anos.Parquímetro inteligenteItatiba foi a última cidade da RMC a implantar o estacionamento rotativo, em 2013. Ao contrário de Campinas, onde o sistema é por talão, o serviço é realizado por parquímetros, considerado um dos mais modernos do mundo e utilizado por cidades como Nova Iorque. O parquímetro é um serviço terceirizado e foi implantado pela Prefeitura atendendo a um pedido da Associação Industrial e Comercial de Itatiba (Aicita) em nome dos comerciantes da região central da cidade. Além da utilização de moedas diretamente nos equipamentos, os usuários têm outras opções de pagamento: o sistema Vaga Inteligente (através do aplicativo, pela internet, por SMS ou por telefone) ou o cartão recarregável. O equipamento aceita moedas de R$ 0,05 à R$ 1,00. Caso o valor inserido no parquímetro seja maior que o da tarifa, a diferença será revertida em tempo de estacionamento.