PAULO EMILIANO

Uma semana maior

Paulo Emiliano
31/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:39

A Semana Santa tem o caráter de fazer memória dos passos de Jesus desde sua agonia até a glória. O Cristo está vivo. Ao meditar seus sofrimentos e sua vitória pode-se também exercitar a reflexão dos próprios atos que são executados no cotidiano que tem pressa. Uma Semana Maior no seu significado, visto sempre à luz da entrega do Bom Pastor que convida as pessoas a se deixarem iluminar pelos raios de Sua ressurreição. Tal semana constitui oportunidade de um descanso das atividades profissionais para um exercício de atividades espirituais: celebrações solenes, procissões, retirar-se para ouvir a voz do coração, encenações e filmes sobre os últimos passos da vida terrena de Jesus, cultos que abrem a possibilidade de adentrar no mistério de um Deus que quis fazer valer o bem, a humildade, a tolerância, o amor traduzido em serviço solidário que fez emergir uma nova lógica (cf. Jo 15,12-17) que custa ainda ser compreendida e executada em várias esferas, que se mostra atual e necessária. Em um ambiente onde se evidencia alguns aspectos que levaram à morte de Jesus — o medo de perder o poder, um julgamento manipulado, a traição pelo dinheiro, a tortura desnecessária, a crueldade para com o ser humano entre outros — a Semana Maior contextualiza a Paixão Morte e Ressurreição de Cristo na contemporaneidade dos fatos que envolvem o País e outros lugares do mundo, onde o grito pela vida precisa ser mais forte que o grito de dor. Que as mãos que levam as armas da destruição, deem lugar às mãos que afagam, que enxugam as lágrimas de quem caminha entre pedras e espinhos; mãos capazes de construir valores que proporcionem o respeito para com o público e o privado, que evidencie a pessoa que necessita de saúde, dignidade e, acima de tudo, respeito. E de corações que saibam perceber o limite quanto ao consumo de álcool, que está ceifando vidas de jovens e adultos nos ambientes de convivência. O brilho maior desta Semana é acreditar que, pelo sacrifício redentor de Jesus, mesmo com o aparente fracasso da Cruz, a vida surge de maneira nova inesperada conforme o anúncio da Ressurreição (Jo 20, 1-9). O sabor pascal não se dá pelos apelos do consumo de alimentos específicos ou chocolate, mas sim pela aceitação do mistério do amor que tudo vence e que torna possível a vida nova. Boa Semana Maior e, desde já, Feliz Páscoa!

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