Lula, Paulo Maluf, Orestes Quércia e Romeu Santini são alguns dos principais temperos da minha vida jornalística. E o prato político não se saiu lá muito bem. Na verdade, foi um chorume antidemocrático o que saiu daquela panela de sonhos. 1964. Quem quisesse ser político naqueles tempos bastava trocar a espinha por dobradiças e um futuro promissor se abriria. Orestes Quércia se apresentou como um mamulengo de oposição e chegou até a governar o mais importante Estado da Federação, São Paulo; Paulo Maluf, idem; e Lula virou presidente da república bananeira que ele havia plantado no quintal do sindicalismo. Romeu Santini? Bem, este ainda não me explicou por que, como diretor de redação do saudoso Diário do Povo, mandava a minha editora censurar as minhas crônicas de então. Nada contra: manda quem pode e obedece quem tem juízo. Mas continuo desobediente e afirmando o que já vinha escrevendo há 30 anos: Paulo Maluf, então o seu chefe político, continua sendo um ladrão do dinheiro público. E o que é mais vergonhoso: é um deputado federal que não pode entrar em 151 países sob pena de ser preso dentro da latrina de qualquer aeroporto pela Interpol. O golpe de 64 inspirou essa pequena gente toda citada acima. Uma gente que ajudou a rasgar a Constituição para fazer um investimento na calhordice que se anunciava. Há quem pense que a “Era Lula” ainda impera quando ela nem mesmo começou. Continuamos ainda sob a “Era Sarney”, o grande e senhor coronel do petismo que ora está travestido em governo federal. O saudoso jornalista Paulo Francis, há 40 anos, já perguntava, no Pasquim, “Quem vai cravar uma estaca no peito desse vampiro da nação?”. E Lula, dias após ser eleito presidente, fez um pacto com o coronel vampiro, todo sorridente e pimpão, em fotografia oficial. E Lula fez pacto com Collor, com Quércia e, na última eleição municipal paulistana, com Paulo Maluf. O resultado disso tudo é que a Petrobras perdeu 200 bilhões de reais em valor de mercado nos últimos três anos e uma quadrilha de corruptos continua a sugar centenas de milhões de reais da Saúde, da Educação, Transporte e Segurança Pública — enquanto a oposição fica fazendo uma marola eleitoral, a grande imprensa fica na covardia do isentismo jornalístico e se arvorando a grande heroína que combateu a ditadura militar sem saber o que fazer para evitar que o petismo assuma a hegemonia política do País.Talvez ela, ou boa parte dela, a queira, assim como quis e permitiu que rasgassem a Constituição em 1964. Não se trata mais de racionamento de água, energia elétrica, custeio da máquina pública e combate à inflação. Trata-se de se restaurar a moralidade pública e mandar prender os ladrões da pátria. Não se trata aqui, é claro, de prosa de direita ou de esquerda, coisa que os esquerdistas gostam de fazer quando pilhados em falcatruas ou protegendo seus bandidos mensaleiros. A quem me pergunta sempre digo que escrevo com a Constituição e o Código Penal ao lado do meu computador, dois pequenos e grossos livros que me ditam os limites a que devo ousar. Mas diante de tantos e cotidianos escândalos políticos, convites e convocações congressuais de autoridades ministeriais que jamais darão em nada, vou jogá-los fora e adotar os catecismos do saudoso Carlos Zéfiro para entender toda essa gandaia política. E mais não digo por falta de espaço e, é claro, pelo respeito que muito devoto à família do raro leitor. É isso. Bom dia.