O conflito entre a preservação natural e a necessidade do crescimento urbano é um constante desafio para a sociedade que recai sobre governos e administrações, instados a elaborar projetos técnicos e seguros, de forma a garantir a qualidade de vida, atender às demandas do crescimento demográfico e a necessidade de intervenções urbanas cada vez mais críticas.Nem sempre os programas contemplam todos os interesses, resultando em desperdício de espaço, perda de investimentos públicos e privados, agressões à natureza, degradação do meio ambiente, quando a busca por soluções sustentáveis deveria ser prioridade absoluta em todas as intenções oficiais. A expansão desregrada e sem controle acumula um alto passivo ambiental e logístico, criando bolsões de insegurança, desvalorização imobiliárias, entraves para o trânsito, dispersão humana, além de elevar dramaticamente a necessidade de investimentos de infraestrutura básica para cobrir todo o território ocupado.Enquanto o poder público se desfaz em denúncias de omissão, inépcia, incompetência e, por vezes, de corrupção, muitos cidadãos acabam sendo exemplos de pessoas que fazem a diferença, assumem a responsabilidade individual e dão mostras de dedicação e desprendimento que deveriam contagiar fortemente autoridades e detentores do poder.É o caso de um grupo de moradores do distrito de Barão Geraldo, em Campinas, que há 30 anos se reuniu para dar fim a uma área abandonada, tomada pelo mato e que se tornou valhacouto. Aos poucos, com apoio dos vizinhos, floricultores, eventualmente da Prefeitura e Unicamp, 860 árvores formaram um bosque inusitado, com espécies nativas e exóticas, criando uma espetacular área de lazer de 18 mil metros quadrados, trazendo qualidade de vida, segurança e beleza ao local. Agora, por iniciativa de seu mentor, o pastor Gustavo Schunemann, um dos primeiros moradores do local, o bosque recebe completa catalogação de todos os exemplares, em trabalho curioso e educativo de alto valor (Correio Popular, 28/7, A10).A mobilização da agora associação dos moradores é um exemplo do quanto pode ser conquistado a partir do trabalho cooperativo, antecipando soluções e atingindo um elevado grau de civilidade. Resta que a Administração identifique esses esforços localizados, dê suporte e continuidade aos projetos e crie estímulos para que cada vez mais cidadãos se engajem neste propósito de acelerar a conquista de uma cidade que todos desejam e que falta pouco a ser atingido.