Hábito de homenagear autores das 'obras de arte' com placas começou em 1961, com o Rei Pelé
O meia da Ponte Preta, Renato Cajá, recebe do diretor financeiro do clube, Gustavo Valio, a sua placa pelo gol marcado contra a Chapecoense ( Carlos Sousa Ramos/AAN)
Se o gol é o êxtase do futebol, quando o lance impressiona pela beleza e plasticidade, a tradição manda colocar uma placa para imortalizar o feito. Antes do amistoso contra a equipe norte-americana do Fort Lauderdale Strikers, disputado neste sábado (20), o meia Renato Cajá recebeu uma placa de prata das mãos da diretoria pontepretana pelo golaço do meio-campo marcado na vitória contra a Chapecoense, por 3 a 1, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro. Com a homenagem, o camisa 10 da Macaca entrou para o rol de craques — e outros não tão bons assim — que foram agraciados com uma placa para eternizar um gol marcado. A pintura de Renato Cajá lembrou muito o gol de placa de outro pontepretano, o meia Marco Aurélio, o Jacozinho. Na vitória sobre o Atlético-MG por 3 a 2, pela Copa João Havelange de 2000, o meia acertou um chute do meio-campo, coincidentemente na mesma trave do gol de Cajá. A expressão “gol de placa” foi cunhada em 1961, após um gol de Pelé no Maracanã, na vitória do Santos sobre o Fluminense, por 3 a 1. Ele recebeu a bola na entrada da sua área e foi driblando todos os marcadores que se aventuraram a tirar a bola dos seus pés, parando somente depois de estufar a rede. O gol foi tão impressionante, que foi o primeiro no País a ser homenageado com uma placa. A ideia foi do jornalista Joelmir Beting, que, na época, trabalhava no jornal O Esporte. Ele mandou fazer uma placa de bronze, que foi descerrada uma semana depois e pregada no saguão do Maracanã. A partir daí, imortalizou-se a expressão “gol de placa” e, desde então, outros jogadores receberam a mesma homenagem. “Eu tive a ideia, mandei fazer a placa e paguei com dinheiro do meu bolso em nome do meu jornal. Fui ao Maracanã, instalei a placa e depois daquele dia, todo o pessoal dos jornais e de rádio começou a dizer ‘este gol também merece uma placa’, daí que veio a expressão”, explicou Joelmir em entrevista à TV Bandeirantes em 2011. “O Pelé me deu uma placa de acrílico com outro texto: ‘gratidão eterna ao Joelmir Beting. Gratidão eterna do autor do gol de placa ao autor da placa do gol’”, completou. Entre os gols antológicos que ficaram imortalizados estão pinturas de craques como Neymar, Marcelinho Carioca e Alex. Um dos mais belos gols dos últimos anos foi o do atual camisa 10 da Seleção Brasileira. Na derrota para o Flamengo por 5 a 4, em 27 de julho de 2011, Neymar recebeu a bola na ponta esquerda, driblou Leonardo Moura, tabelou com Borges (atualmente na Ponte Preta), deu um lindo drible no zagueiro Ronaldo Angelim e concluiu com maestria. Ídolo do Corinthians, Marcelinho Carioca fez um gol tão impressionante que tem uma placa na Vila Belmiro, casa do rival Santos. No empate por 2 a 2 contra o Santos, em 1996, o meia deu um lençol no zagueiro santista e completou com categoria para o fundo da rede de Edinho, filho de Pelé. No meio de tantos craques consagrados autores de gol de placa, um nome chama a atenção. O ex-atacante Vivinho recebeu a homenagem por um golaço marcado em 1988 pelo Vasco, na vitória sobre a Portuguesa, por 4 a 2, pelo Campeonato Brasileiro. Ele recebeu uma bola na área, deu três lençóis no volante Capitão e completou para o gol. A placa foi colocada em São Januário, mas, dois anos depois, foi retirada após o atacante se transferir para o Botafogo.DÉCADA DE ATRASO Considerado um dos mais belos gols da história recente do Morumbi, o gol marcado pelo ex-meia do Palmeiras, Alex, na vitória sobre o São Paulo, por 4 a 2, em 2002, recebeu uma placa somente neste ano das mãos do presidente palmeirense Paulo Nobre. Isso porque o presidente do São Paulo na ocasião, Marcelo Portugal Gouvêa, se negou a colocar uma placa no Morumbi para um jogador do rival. Na pintura marcada por Alex, o meia chapelou a defesa do São Paulo, o goleiro Rogério Ceni, e mandou para o gol. No mesmo dia em que Alex recebeu a placa, o palmeirense Robinho também foi homenageado pelo gol também contra o São Paulo marcado neste ano na vitória por 3 a 0, no Paulistão. Ele aproveitou saída errada de Rogério Ceni e chutou por cobertura, do meio-campo. Foi o primeiro gol de placa do Allianz Parque.