JOSÉ TRASFERETTI

Uma esperança para o mundo

José Trasferetti
26/03/2013 às 15:29.
Atualizado em 25/04/2022 às 23:01
IG - JOSE TRASFERETTI (CEDOC)

IG - JOSE TRASFERETTI (CEDOC)

O cardeal Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, escolheu o nome de dois franciscos: o de Assis (1182-1226) e o Xavier (1506-1552) para expressar o seu programa evangelizador como bispo de Roma e continuador do ministério petrino. Mais ainda: ao se apresentar ao mundo, da sacada do Vaticano, pediu que os fiéis rezassem por ele como uma demonstração de humildade. O novo papa é latino-americano, jesuíta, e muito humilde em seus gestos e atitudes.

Como cardeal em Buenos Aires visitava sempre os pobres, andava de ônibus, e tinha inserção social. Ele é conservador e progressista ao mesmo tempo. Conservador da doutrina clássica, das orientações morais no campo da família, sexualidade e amor. É progressista no campo social, defensor dos pobres, combatente em prol dos oprimidos. Com seu jeito simples deverá trazer novas luzes para o Vaticano, reformando as estruturas, sobretudo a forma de exercer o poder e se relacionar com o mundo.

As estruturas atuais que norteiam ações do Vaticano estão precisando urgente de uma reforma profunda. O novo papa vai enfrentar muitas dificuldades: escândalos financeiros, sexuais, crise entre poderes, vaidades, perda de fiéis e tantos outros. Entretanto, é muito significativo o nome de Francisco. Um nome que recorda uma das figuras mais queridas da história do cristianismo. Francisco de Assis foi um jovem que abandonou a riqueza e os ricos para se dedicar integralmente ao evangelho no cuidado dos mais pobres do seu tempo.

Amante da natureza e dos animais defendeu a causa da ecologia e dos seus habitantes mais próximos. Francisco Xavier, jesuíta como ele, foi um grande missionário evangelizador de indianos e japoneses. Um programa em defesa dos pobres contra a pobreza e da evangelização com novos métodos aguarda o novo papa. A Igreja Católica em todos os continentes, mas, especialmente na Europa e no norte da América, tem sofrido ataques duros que interferem em sua conduta moral, produzindo uma sensação muito delicada na vida eclesial. O papa Francisco precisa sem dúvida oferecer uma resposta plausível que devolva a credibilidade a uma instituição histórica que tem realizado um trabalho muito bonito em prol da democracia dos direitos humanos. Ela não pode ficar presa a poucos exemplos negativos que ganham destaque cada vez maior na mídia sensacionalista.

Talvez o seu jeito simples e irreverente em alguns casos pode trazer mais alegria e espontaneidade à Igreja Católica em sua relação com o mundo. O mundo olha com carinho para este novo papa que já começa conquistando o coração de muitas pessoas pelo seu temperamento fraterno e singelo. Menos “pompa” e mais “evangelho” penso que será o fio-condutor deste papa franciscano. A defesa dos pobres contra a pobreza expresso em seus primeiros pronunciamentos e em sua vida eclesial pregressa é um caminho que dignifica a Igreja Católica e o evangelho de Jesus. Espero que este papa “jesuíta de natureza” e “franciscano de coração” consiga transformar a cúria, aumentando a colegialidade para construir uma igreja servidora, fraterna e evangélica em sua essência.

Com seu sorriso fácil, alegria contagiante, espontaneidade latino americana, esperamos que traga novos ares para o Vaticano quase sempre cercado por autoridades frias e distantes do mundo real das massas oprimidas. Menos “poder” e mais “serviço”, devem caracterizar o estilo do novo papa para o bem da igreja e do mundo.

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