JOGO RÁPIDO

Uma barreira intransponível

Coluna publicada na edição de 22/3/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
21/03/2018 às 19:02.
Atualizado em 23/04/2022 às 07:04

Consegui assistir a parte de São Paulo x São Caetano, jogo que definiu o primeiro semifinalista do Paulistão 2018. A partida estava equilibrada e quase confortável para os visitantes, até que uma falha gritante do goleiro Paes mudou o rumo da partida. O Tricolor, que até então mostrava muita vontade, mas pouca capacidade técnica para superar o bloqueio azul, ganhou confiança, fez 2 a 0 e garantiu sua vaga na semifinal. Durante o jogo, troquei mensagens com alguns amigos. Os são-paulinos reagiram com sentimentos opostos. Ao mesmo tempo que celebravam os gols decisivos de Tréllez e Diego Souza, não escondiam o temor do que pode ocorrer em um eventual confronto com o Palmeiras, maior favorito à conquista do título. Algo semelhante ocorreu com amigos palmeirenses. Eles até estavam secando o rival do Morumbi, mas não lamentaram a classificação, como ocorreria em uma situação normal. A confiança em um passeio diante do Tricolor é tão grande que alguns deles estavam felizes com a certeza de que o time vai quebrar o tabu de 16 anos sem vitórias no Morumbi. Os sentimentos de alviverdes e tricolores refletem muito bem o momento dos dois clubes. Hoje o Palmeiras está bem à frente do São Paulo. A distância técnica, financeira e administrativa entre ambos é incomum. Não é normal que antes mesmo do apito final da partida das quartas de final torcedores de um time já estejam com medo do que está por vir na semifinal. Assim como não é normal que um lado esteja tão confiante na vitória, a ponto de preferir enfrentar o São Paulo do que o São Caetano. O bom momento palmeirense é recente, mas a falta de confiança no Tricolor vem de longa data. No Paulistão, a semifinal se transformou em uma barreira intransponível para o clube. Nas últimas 11 edições do estadual, o São Paulo cumpriu a obrigação de figurar entre os quatro melhores em nove oportunidades. Em nenhuma delas conseguiu dar um passo à frente. No mesmo período de 11 anos, clubes como São Caetano, Ponte Preta (duas vezes), Santo André, Guarani, Ituano e Audax conseguiram chegar à decisão. Não se pode atribuir tantos fracassos a um ou outro treinador, ao elenco atual ou aos jogadores que não chegaram nem à semifinal no Paulista de 2014 e 2016. O problema do São Paulo é administrativo. Durante muitos anos, esteve à frente dos rivais no que se refere à gestão. Então cometeu o grave erro de achar que seria soberano para sempre e se acomodou. Agora, precisa evoluir muito para chegar a um nível ao menos parecido com o dos rivais.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por