Os discursos afinados entre todas as forças políticas de um município, estendidos a sua região de influência ou dependência, são um dos mais fortes instrumentos para garantir uma administração eficiente. A interação de representantes políticos é fundamental para que se possam atingir os objetivos mais imediatos, que se busquem recursos nas esferas superiores e que se cumpram as metas essenciais.
Campinas foi castigada nos últimos anos por uma acirrada disputa partidária, que desaguou em uma crise sem precedentes que jogou a vergonha sobre os últimos atos que permearam a seara política. Os resultados foram refletidos nas eleições e na nova composição dos poderes. Aos poucos, os blocos vão se recompondo na perspectiva dos novos interesses e vão se definindo alianças costuradas no período eleitoral.
O prefeito eleito Jonas Donizette (PSB) promoveu um encontro com os parlamentares estaduais e federais que representam Campinas, propondo um pacto para a discussão de uma agenda positiva para Campinas. Apenas três não compareceram, com ausências justificadas por compromissos assumidos anteriormente (Correio Popular, 6/11). Coincidentemente, aqueles que apoiaram candidatos de outras frentes. O discurso de Donizette é de uma aproximação política que possa compensar os anos de atraso que o município enfrentou, resgatando uma força que Campinas merece exercer para a obtenção de recursos e projetos para os seus principais problemas.
É positivo que se tente iniciar um novo período de gestão com entendimento. Os deputados têm um cacife de influência que pode representar avanços significativos para a cidade. Não se deve subestimar a capacidade de negociação e intervenção a favor de Campinas. Se há diferenças ideológicas ou pragmáticas, que sejam, elas devem ser superadas por uma iniciativa de cooperação, de entendimento, de apoio no que se refere ao interesse comum ditado pela cidadania e pela aspiração da sociedade de resgatar o caminho da normalidade institucional. Há inúmeros obstáculos a serem superados e outras tantas pendências para a população e o setor produtivo. Erguer barreiras neste momento é insensato e a formação de um colegiado político é apenas uma forma de não se exercer a má política em benefício próprio, deixando o interesse maior da cidade ao largo.