EDITORIAL

Um trem que finalmente saia do papel

Atrasos em obras públicas são esperados. Neste caso, trata-se de projeto que vem se arrastando há muito mais tempo do que deveria.

Correio Popular
25/03/2021 às 12:32.
Atualizado em 21/03/2022 às 23:18

O Secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Alexandre Baldy, esteve em Campinas na tarde de ontem para visitar a Estação Cultura e conhecer a sua infraestrutura. De significativo, disse que o local poderá vir a ser escolhido como ponto final do ansiado Trem Intercidades (TIC) e que sua presença serviria para "estreitar as relações com o prefeito Dario Saadi."

À parte a bem-vinda visita de cortesia do Secretário, o TIC continua bastante atrasado em seu cronograma original. E isso se deve, também, porque o próprio Secretário não cumpriu com a promessa de realizar a consulta pública do edital até o final do ano passado, fazendo com que o projeto só venha a ser licitado em 2022. Isso, é claro, se pontos-chave do edital não forem discutidos nos próximos meses com a sociedade civil.

A concessão dependerátambém da renovação do contrato do governo federal com a MRS, que é a empresa responsável pelo trecho entre Jundiaí e Campinas. Ela fará ainda a segregação das vias, necessária para comportar os trens de carga e os serviços expresso e parador do TIC. Dada a complexidade do processo é provável que o projeto só comece a avançar depois que o contrato da MRS for analisado. E, na atual conjuntura de crise pandêmica, população campineira talvez amargue uma longa espera.

Na melhor das hipóteses, o leilão poderia ocorrer no início de 2022, abrindo a possibilidade de a assinatura da concessão ser realizada em meados do ano que vem. Já a implantação poderia começar pelo trecho Jundiaí-Campinas, cuja concessionária de carga, a Rumo, renovou recentemente contrato com o governo federal. Até que isso ocorra, no entanto, o governo ainda precisa apresentar o projeto ao Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização (CDPED) antes de abrir a consulta pública.

Atrasos em obras públicas, sobretudo em obras de grandes dimensões, são esperados. Neste caso, porém, trata-se de um projeto que vem se arrastando há muito mais tempo do que deveria. Com o orçamento já previsto para o TIC, um encaminhamento mais ágil por parte dos governos envolvidos não nos parece uma exigência absurda. Pelo contrário: o desafogo do nó do transporte público em Campinas deveria ser uma questão prioritária, sobretudo no contexto da pandemia. A retomada econômica passa também por políticas de mobilidade urbana que proporcionem uma maior interação entre o interior e a capital do estado. Aguardemos.

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