A torcida da Ponte Preta está, com toda razão, indignada com a possibilidade de não ter o direito de ver seu time lutar por uma vaga na final da Sul-Americana no Moisés Lucarelli. A revolta é muito grande com a postura do São Paulo, que poderia, dentro do conceito de fair play, vir ao Majestoso no dia 27 de novembro, assim como foi ao San Carlos de Apoquindo no dia 23 de outubro.O regulamento prevê que das oitavas de final à semifinal os jogos sejam realizados em estádios com pelo menos 20 mil lugares. Porém, em seu difícil e decisivo duelo das oitavas, contra a Universidad Católica, o São Paulo não se importou de jogar em um estádio com 18 mil lugares. Foi a Santiago sem reclamar e venceu.Poderia fazer o mesmo agora diante da Ponte, em um estádio no qual já se apresentou inúmeras vezes, duas delas nesta temporada.Mas o São Paulo escolheu outro caminho. Baseado na capacidade atual do Moisés Lucarelli, enviou um pedido à Conmebol para tirar o jogo de Campinas.Não podemos atribuir essa ação ao recente desentendimento político entre os dois clubes porque não se trata de uma retaliação e sim de um hábito. O São Paulo já fez o mesmo contra Atlético-PR (levou o jogo da final da Libertadores de 2005 para Porto Alegre) e Tigre (uma partida da decisão da Sul-Americana de 2012 foi no La Bombonera).É por isso que não vejo o São Paulo como o vilão da história, embora reconheça que sua diretoria poderia muito bem ter uma postura mais, digamos assim, nobre.O problema, esse sim enorme, é a Conmebol. O regulamento é ridículo e beneficia, de forma descarada, os clubes grandes.O que permite que o São Paulo tenha esse comportamento não é a sua influência política, seu poder nos bastidores. O que permite que o São Paulo tenha esse comportamento é o estúpido regulamento.Na semifinal da Liga dos Campeões de 2006, o Villarreal recebeu o Arsenal em seu pequeno estádio. O time inglês não pediu para que o jogo fosse realizado no Camp Nou e, se pedisse, seria solenemente ignorado pela Uefa.Realizar um jogo de mata-mata na casa de cada equipe é um princípio básico de justiça esportiva. Essa regra de capacidade de estádio não tem nada a ver com segurança. Seu único objetivo é ser útil aos desejos de alguns, em determinadas situações. A riqueza do talento do futebol sul-americano é proporcional à incapacidade de seus dirigentes, principalmente os da péssima Conmebol.