As varizes podem levar até à invalidez; prevenção é essencial contra a doença
Ninguém está livre das veias dilatadas e tortuosas, de coloração azulada, que aparecem nas pernas com o passar da idade. As varizes provocam dores, inchaços e muitos transtornos. As causas, segundo os especialistas, são variadas. Além da predisposição genética, elas estão associadas a uma série de alterações, como aumento de peso, tratamento hormonal e sedentarismo, mas a sua ocorrência é mais comum em pessoas que precisam ficar em pé por longos períodos do dia. Apesar de acometerem mais as mulheres, os homens também podem apresentar o problema. Os médicos, entretanto, tranquilizam: tratadas precocemente, as varizes têm solução. O chefe do serviço de cirurgia vascular e endovascular do Hospital Celso Pierro da PUC-Campinas, Otacílio de Camargo Junior, explica que as varizes são veias dilatadas que podem aparecer no corpo todo, mas é mais frequente nos membros inferiores. Segundo ele, um dos fatores importantes é o hereditário. “Existe uma predisposição genética que associada a outras alterações leva ao aparecimento das varizes.” Uma dessas alterações é a gravidez, que comprime a circulação na barriga. “Além de aumentar o peso da mulher, a gravidez comprime a circulação da barriga e diminui o retorno venoso das pernas, aumentando a pressão das veias.” Outro fator que leva ao aparecimento das varizes e vasos e coloca a mulher à frente dos homens no número de casos são as alterações hormonais. “A mulher pode ter vasinhos na perna quando começa a menstruar justamente pela alteração hormonal que ela tem nesse período da vida”, explica. De acordo com Camargo Júnior, os vasos são microvarizes. Elas podem engrossar e até apresentar sintomas, mas, em geral, os prejuízos são apenas estéticos. Eles não chegam a se tornar veias varicosas, dilatadas e tortuosas. O uso de anticoncepcionais e tratamentos para menopausa também estão relacionados ao aparecimento de varizes. Segundo o cirurgião vascular, o peso também é um vilão da circulação e pode levar à doença. Além da hereditariedade, um dos graves problemas é ficar muito tempo em pé ou na mesma posição. “Isso aumenta a chance de dilatar as veias das pernas”, explicou Camargo Júnior. A orientação do médico para quem não consegue ficar sentado é levantar a cada cinco ou dez minutos e dar uma volta para promover a circulação sanguínea nas pernas. Desde que tratado precocemente, o problema não é considerado grave. Mas se não tratado ele pode evoluir para varicotrombose (formação de coágulos de sangue dentro da veia), tromboflebite (inflamação dentro de uma veia causada por sangue coagulado), além de úlceras varicosas na perna (feridas de difícil cicatrização). “Elas não são graves, mas podem apresentar algumas complicações que afetam seriamente a vida do paciente, levando, em alguns casos, à invalidez temporária”, explica. Como evitar e tratar Evitar ficar muito tempo em pé, parado na mesma posição, elevar as pernas algumas vezes ao dia para facilitar o retorno dos sangue dos membros inferiores para o coração, usar meias elásticas e fazer caminhadas com frequência são as principais medidas para prevenir o aparecimento das varizes. O tratamento para quem já tem microvasos ou varizes instaladas depende do tipo de problema. A escleroterapia — injeção de medicamento dentro dos pequenos vasos — e pequenas cirurgias podem resolver o problema das microvasos. No caso das varizes, o tratamento é cirúrgico. “Se acomete as veias safenas, tem que tirar cirurgicamente, por meio da safenectomia.” A veia também pode ser queimada com laser ou radiofrequência.