PASCHALE NETO

Um pouco de tudo

PASCHALE
31/05/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:03

Vamos para mais um capítulo da série “Um Pouco de Tudo”. Vamos começar pela questão de um leitor, que quer saber como se montam as estruturas comparativas. Diz ele que se guia pela ideia de que “tão” acompanha “como”, e “tanto” acompanha “quanto”. “É assim mesmo?”, pergunta.

Não é bem assim que a coisa funciona. Se o que se compara é expresso por um adjetivo, usa-se “tão” para modificar esse adjetivo e fecha-se a comparação com “como” ou “quanto”, indiferentemente: “Ele é tão corrupto quanto os tios e os primos” (ou “como os tios e os primos”). Se o que se compara é expresso por um verbo, usa-se “tanto” para modificar esse advérbio e, novamente, fecha-se a comparação com “como” ou “quanto”, indiferentemente: “Ela estuda tanto quanto o primo” (ou “como o primo”).

A próxima questão vem de uma leitora, que quer saber por que se diz e se ouve “Voltei do Guarujá”, “Vou para o Guarujá”, “Venho do Guarujá”, isto é, por que se usa o artigo antes do nome dessa cidade paulista.

Diferentemente do que muita gente pensa, Guarujá não é um bairro ou distrito da cidade de Santos, mas um município autônomo, que nada tem que ver com Santos, além da proximidade. A presença do artigo no uso comum talvez se explique pelo fato de se tratar a cidade como se ela fosse um bairro da vizinha Santos, da qual já foi distrito (até 1934). Ocorre a mesma situação com Praia Grande, que também é município, e não bairro ou distrito. É comum que se diga ou ouça algo como “Ele tem uma casa na Praia Grande”, “Gosto da Praia Grande” etc.

No Brasil, em geral, nomes de cidades não se usam com artigo feminino. Não se usa “na” ou “da”, por exemplo, antes de Belo Horizonte, Guaratinguetá, Campinas, Jundiaí, Brasília, Ouro Preto, Fortaleza, Santos, Araraquara, Juiz de Fora etc. Nos dicionários, no verbete “guarujaense”, encontra-se “natural ou habitante de Guarujá”; “relativo a Guarujá”. Em “praia-grandense” ou “praiano”, encontra-se “relativo a Praia Grande”; “natural ou habitante de Praia Grande”. Na prática, porém, isso não pega. O povo diz mesmo “na Praia Grande”, “no Guarujá” etc. É bom lembrar, no entanto, que os nomes oficiais desses dois municípios não incluem o artigo, como se constata nos sites oficiais das duas cidades (“Prefeitura de Guarujá” e “Prefeitura de Praia Grande”).

O terceiro tema de hoje vem de um leitor, que quer saber se é correto o que se lê nas linhas iniciais de certas correspondências (“Venho por meio desta...”). A leitora pergunta ainda como ficaria isso no plural: “vimos” ou “viemos”?

A expressão “venho por meio desta” é consagrada, embora seja um tanto redundante, já que é óbvio que a comunicação se faz por meio daquela carta. E o plural de “venho”? Convém lembrar que “venho” é a primeira pessoa do singular (“eu”) do presente do indicativo do verbo “vir”. Nesse tempo, temos as seguintes formas: “eu venho, tu vens, ele vem, nós vimos, vós vindes, eles vêm”. Como se vê, a primeira pessoa do plural (“nós”) do presente do indicativo do verbo “vir” é “vimos”. O problema é que “vimos” também é forma do verbo “ver” (no pretérito perfeito), o que pode causar alguma confusão. “Viemos”, do verbo “vir”, é plural de “vim”: “Ontem eu vim aqui”; “Ontem nós viemos aqui”. Para que fique claro, então, lá vai: “Venho (eu) por meio desta...”; “Vimos (nós) por meio desta...”.

Um forte abraço.

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