O Gre-Nal de domingo no Beira-Rio não teve gols e, válido pela primeira fase do Campeonato Gaúcho, não foi decisivo. Os dois rivais seguem na zona de classificação para a segunda fase e assim seria se qualquer um dos dois tivesse vencido. O Inter, de olho na Libertadores e com a classificação bem encaminhada, utilizou vários reservas. Ainda assim, o Gre-Nal de 1º de março de 2015 entrou para a história. O Inter criou um setor no estádio para torcida mista. Cada torcedor do Inter que comprou ingresso para esse local pôde levar um gremista de graça. Como cada colorado ficou ao lado do convidado, as camisas se misturaram, o que foi perfeito para transmitir a mensagem de que, sim, é possível torcer com rivais a seu lado e se divertir. Os torcedores que ficaram nessa área rasgaram elogios à ideia. Se divertiram e assistiram ao jogo ao lado de amigos ou familiares com os quais nunca tiveram a chance de ver um Gre-Nal. Mais do que isso, deram um exemplo de civilidade ao Brasil e ao mundo. É evidente que o fato de cada gremista ter sido convidado por um amigo contribuiu para que a experiência fosse um sucesso. Mas, mesmo que não fosse assim, a torcida mista teria dado certo porque só vai comprar um ingresso para esse setor aquele torcedor que for capaz de separar a paixão por seu clube da selvageria que estamos acostumados a ver por aí. A ideia, que considero ótima, não deve ser adotada pelo Grêmio no próximo clássico. A diretoria tricolor, porém, já anunciou que vai aumentar a carga de ingressos para os visitantes de 1.300 para 5.500. Notem que a iniciativa positiva do Inter gerou um agradecimento do Grêmio. É importante que dirigentes se comportem assim e não com provocações e trocas de insultos, como também estamos acostumados a ver por aí. Na verdade, torcedores de dois rivais no mesmo setor não é uma novidade. Maracanã e Morumbi já tiveram durante muito tempo espaços sem separação de torcida. O que era comum, porém, se transformou em algo impensável à medida em que torcedores violentos passaram a transformar os estádios em locais tensos, violentos, ameaçadores para qualquer torcedor sensato, para qualquer torcedor que deseje ver seu time ao lado da família, por exemplo. A união de dois mil torcedores colorados e gremistas é um passo importante no combate à violência. A minoria que vai ao estádio com paus, bombas e armas não pode vencer os milhões de brasileiros que amam o futebol e só querem torcer para o seu time.