Um novo jeito de morar

Para muita gente é difícil imaginar a casa do futuro sem ao menos se lembrar do clássico Os Jetsons, de Hanna-Barbera, desenho animado lançado em 1962, e que teve seu último episódio em 1987. Para a grande maioria das pessoas, a robô Rosie - que fazia todo o serviço doméstico - seria a realização de um sonho. No entanto, esse objeto do desejo já existe, por exemplo, nos aspiradores de pó robóticos. Os mais sofisticados incluem câmera, escovas autolimpantes, navegação inteligente e pode ser controlado por um aplicativo de celular. Além dos robôs de aspiração, há outros modelos dignos de desenho animado como os que limpam vidros e piscinas. Mas os preços ainda não colaboram. Porém, nem todas as previsões do desenho animado se tornaram realidade e talvez nem cheguem a ser. Mas se pensarmos que Os Jetsons “viviam” no ano de 2062, sem dúvidas, há ainda tempo para presenciar avanços tecnológicos e inovações comparáveis à ficção. Alguém se lembra que os personagens do desenho animado faziam videochamadas pelo relógio de pulso? Pois no ano passado, a Apple registrou uma tecnologia na qual será possível fazer uma videoconferência usando apenas um relógio conectado exatamente como fazia a família futurista. Mas já existem os smartphones que permitem a qualquer usuário conversar vendo a imagem de uma pessoa, em tempo real, de qualquer lugar do mundo. Basta estar conectado, é claro! A convergência de toda essa tecnologia digital que tem vindo com força foi batizada de a quarta revolução industrial. Um dos eventos que vão ocorrer durante o Campinas Innovation Festival discutirá bastante a integração dessas novidades na vida das pessoas. Trata-se da quarta edição do Simpósio Polo Arqdec programada para o próximo dia 29 de outubro, na qual haverá o debate sob o título de Casas, Cidades e Cidadãos inteligentes – Como Viver o Futuro. Vale lembrar que recentemente, Campinas foi apontada como a cidade mais inteligente e conectada do Brasil em 2019. Isso, com certeza, interfere no novo jeito de morar e viver das pessoas que habitam o município. Dentre os palestrantes presentes no evento estará o psicanalista Jorge Forbes, autor do programa TerraDois, da TV Cultura, que vai falar sobre como Viver em Terra 2? Um Novo Mundo, Uma Nova Casa. “Queremos provocar, contribuir e apontar caminhos para esse novo jeito de morar que está muito mais inteligente, conectado, sustentável e autossuficiente. Já sabemos que a tecnologia é uma grande realidade da construção civil e os avanços recentes vêm trazendo cada vez mais facilidades para o dia a dia. Agora precisamos saber: como vamos usar todo esse conhecimento a nosso favor?”, afirma Henrique K. Metzner presidente do Polo Arqdec. A idealizadora do evento, Renata Podolsky, gerente executiva do Polo Arqdec, complementa. “Acreditamos que conectar o ser humano com essas tecnologias fará toda a diferença no futuro profissional e no lugar que habitamos. Precisamos estar preparados para isso”, alerta. O arquiteto Paulo de Tarso vai comandar o debate no simpósio. Ele lembra que todos esses avanços já podem ser vistos em casas, apartamentos, empresas. “A iluminação pode ser controlada por smartphones, o ar-condicionado pode ser acionado pelo morador que está a quilômetros do apartamento, cortinas que reagem às luzes externas, geladeiras que apontam que o produto está próximo do vencimento. Temos que buscar ferramentas para enfrentar os desafios que o futuro impõe. Vale destacar que muitos recursos tecnológicos avançados já estão disponíveis em vários países. No Brasil, eles ainda não estão disponíveis ou possuem um custo muito elevado, o que ainda os torna inviáveis para a maior parte das residências. Mas acredito que, em pouco tempo, isso se torne mais acessível”, destaca. O arquiteto João Jannini também aponta caminhos para as moradas do futuro e em seus projetos já trabalha com esse olhar. “As residências inteligentes estão cada vez mais voltadas para a sustentabilidade, acessibilidade, uso das tecnologias para a segurança e conforto. Não dá mais para imaginar a construção de uma casa sem se pensar na parte de automação. Já é possível otimizar o uso de energia e de água e implantar dispositivos com menor impacto ambiental. Os sistemas de automação permitem que sejam acionados com um único comando, seja num Ipad ou celular de onde você estiver e até mesmo um comando de voz dentro da casa, equipamentos e luzes de sua casa ou escritório”, destaca o arquiteto. Em seu escritório ele destaca que a sala de reuniões tem comandos para a TV, computador, ar condicionado, dois conjuntos de luzes no teto e a persiana da porta. “Com um comando de uma cena que chamamos - reunião – são ligados o ar condicionado, a TV e o computador, a luz central do teto e a persiana é aberta. Em outro comando que chamamos -off geral- tudo é desligado e a persiana é fechada, e podemos ir embora com a certeza que nada ficou ligado por esquecimento”, explica. Ele detalha ainda que um dos projetos de uma ‘casa inteligente’ que executou a automação comanda luzes em diversas cenas preestabelecidas. “Acende as luzes apenas da frente da casa, acende algumas luzes do jardim da piscina e da piscina, abre e fecha as cortinas da sala, desliga todos os aparelhos de ar condicionados, acende pelo celular a luz da garagem para quando se chega de carro à noite, apaga todas as luzes do andar de baixo para que ao ir dormir tenha certeza de que nada ficou ligado, aciona o sistema de irrigação quando o solo está precisando de água, do celular você vê à distância a casa por dentro e por fora através de câmeras para segurança”, destaca. Todo mundo vai querer: - Telha fotovoltaica – transforma energia solar em elétrica - Máquina de lavar roupa controlada pelo smartphone - Lixeira que obedece comando de voz para abrir e fechar - Camas com movimentos que simulam balanço no colo da mãe - Fechadura digital - Cafeteira que liga sozinha - Aparelho de TV que vem com tecnologia de comando de voz - Caixa de som inteligente - Sensor de gás – conectado ao celular - Sensor de temperatura que programa o ar condicionado