ZEZA AMARAL

Um novo circo na praça

Zeza Amaral
zeza@rac.com.br
29/04/2013 às 22:03.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:14

Começou a nova era do futebol. O meu editor Carlo Carcani deixou isso claro na sua crônica “Uma nova era”, publicada na quarta-feira passada. Rompeu-se o liame do futebol força com o tático. Nada mais é e será como dantes; nem Espanha, Inglaterra, mas Alemanha. O Brasil não é a terra do futebol. E isso já faz muito tempo. Não quando temos Felipe Scolari para comandar a seleção nacional, técnico que arrastou o time do Palmeiras à segunda divisão do campeonato brasileiro, a quem considero um falastrão à beira do gramado, um tererê empertigado, separatista por natureza, um contrário ao que se julga fazer um futebol de avanço, fazer gols e sem medo de levar alguns: Felipão joga para a galera. Um populista da bola; e que se dane o final infeliz de um jogo desde que ele saia um perdedor de suas virtudes, atacar quando era recuar, recuar quando deveria atacar. Covardia suprema, digna dos piores covardes da vida, da sobrevivência, da sua própria biografia. E o Chile nem era aquilo tudo.

Tem sido assim a vida da bola rolando, muitos perdendo tendões e músculos para que poucos sigam ganhando muito dinheiro, cartolas e técnicos, empresários e pais de filhos jogadores, estes sempre sendo explorados por quem deveria estar protegendo-os, ou como pais ou como honestos empresários.

Nenhum palhaço vai ao picadeiro sem a garantia de ter uma refeição para si e para a família. Nenhum cantor sobe ao palco sem a garantia do cachê, nenhum empresário vende o seu produto sem uma garantia, nenhuma puta vai ao quarto sem a garantia do seu michê. E lá vai o jogador entrar em campo para honrar a camisa que veste sem salário, pois ele se sente o jogador do time e tem que cumprir a sua missão. A torcida reclama e se esquece de cobrar o salário devido do time ao jogador que enfia o pé na bola dividida, que tentar reverter o jogo perdido da sua vida, mas que pensa em alegrar o povo da arquibancada, e das vitalícias, palhaço que sabe e que é das ilusões da vida, da sua própria vida, do grande jogo da vida, da sobrevivência enfim.

Carlo Carcani decretou uma nova era do futebol e assino embaixo. Nem tanto pelo carinho profissional, mas pelo desprendimento emocional, visto que o confrade gosta do Barcelona e do jeito espanhol de jogar futebol. E disso ele entende e muito. A Alemanha está fazendo acontecer um novo marco no futebol mundial. Nem tanto pelos seus clubes que fatalmente farão a final da liga dos campeões da Europa. Não cito nomes porque a brincadeira do futebol está acima de quaisquer análises sócio-circenses, o que bem faria ao gosto dos vigaristas acadêmicos, dos estelionatários do prazer, dos vagabundos acadêmicos que não entendem o que nós amantes do futebol percebemos quando alguém perde, ganha ou empata.

Pode parecer coisa besta, coisa da crítica mundana, mas quem sobreviver aos seus tempos testemunhará que um novo tempo chegou aos estádios de futebol, um novo jeito alemão de jogar futebol, com força e malícia, e, sobretudo, consciente de que fazem parte de um processo natural de alegrar as pessoas, palhaços que são e sem baixa-estima. É isso: um novo circo da bola começou.

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