CARLO CARCANI

Um necessário passo adiante

Carlo Carcani
06/04/2015 às 23:13.
Atualizado em 23/04/2022 às 16:52

O Guarani pretende dar, nesta terça-feira, em reunião com a juíza do trabalho Ana Cláudia Torres Vianna, o passo que deveria ter dado há muitos anos em busca de uma solução para sua grave crise financeira.   Como escrevi na semana passada, o clube sempre empurrou, deliberadamente, o problema com a barriga. Isso aconteceu porque não imaginava que alguém pudesse se interessar por uma área extremamente valiosa, mas com dois terrenos que pertencem ao município. Todos sabem que uma batalha judicial para liberar um terreno com essa característica seria longa.   Não imaginava também que algum investidor teria coragem de colocar em situação de risco um clube de 104 anos que foi campeão brasileiro e revelou craques como Careca, Amoroso, Evair, João Paulo, entre tantos outros. A repercussão na cidade seria péssima, por motivos óbvios.   Ninguém imaginava que fosse possível, mas tudo isso aconteceu na semana passada. Uma empresa deu um lance de R$ 105 milhões, o valor foi aceito pela Justiça do Trabalho e o futuro do Guarani ficou ameaçado. Na verdade, estava ameaçado há tempos, mas só assim as pessoas e o próprio clube perceberam como a situação era realmente delicada. Chegou o momento no qual empurrar com a barriga deixou de ser uma opção.   É por isso que, nesta terça, Guarani e Magnum devem apresentar à juíza uma proposta que realmente tenha como intenção resolver o problema do Brinco. No final das contas, se Horley Senna e Roberto Graziano forem bem-sucedidos, o lance da empresa gaúcha terá sido o responsável pelo necessário passo adiante que o Bugre se recusava a dar.   Nos últimos dias, muitos torcedores se manifestaram nas redes sociais criticando o leilão, a justiça e a empresa gaúcha. O slogan “Paixão não se leiloa” foi criado para mostrar a indignação dos bugrinos com a situação.   Paixão realmente não se leiloa, mas patrimônio de quem atrasa os salários de atletas e funcionários desde 2001, sim. Tanto se leiloa que foi leiolado.   Ameaçar e ofender a juíza não ajuda o Guarani em nada. Pode até prejudicar e por isso a diretoria agiu corretamente ao divulgar uma nota de repúdio às ameaças.   O melhor que um bugrino pode fazer pelo time é se tornar sócio-torcedor e comparecer ao estádio sempre que possível. Isso ajuda, isso faz diferença.   Na Justiça, o que a diretoria precisa fazer é encontrar soluções para o problema que o clube mesmo criou durante todos esses anos de permanente desrespeito às leis. O susto do leilão pode fazer com que o Guarani finalmente se movimente na direção correta e isso é muito bom.

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