Editorial

Um grito de basta preso na garganta

Correio
07/02/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:30

Torna-se repetitivo o alerta disparado pela sociedade em relação às condições de segurança. Seguindo um pulsar altamente previsível, a violência volta a pairar não mais como subjetiva ameaça a todos, mas como uma realidade próxima, visível, densa. É o medo que se alastra por todos os lugares, despertando um quase desespero diante da inação do poder público, que arrecada e deveria responder prontamente a qualquer sinal de perigo.

Campinas tem sido frequentemente fustigada pelos altos índices de criminalidade. Mortes trágicas e absurdas como a acontecida com o engenheiro Sérgio José Lauandos Zakia no último domingo, na porta de sua casa, no Jardim das Palmeiras, são muito mais que incidentes. São um atestado de vulnerabilidade de cada cidadão, de uma comunidade doente e atingida em sua integridade. São as pessoas misturando a dor à sensação de insegurança, à revolta pelos crimes e à indignação contra a falta de providências que revertam essa situação.

Em verdade, as soluções para os problemas que atingem a sociedade passam pela participação efetiva de todos, pelo engajamento cívico, pela responsabilidade de cada um, trazendo para si a iniciativa e a cobrança, a mobilização dos demais. Uma guerra não se faz sozinho, tampouco apenas com palavras. O velho ramerrão da falta de estrutura, de recursos, de amparo institucionalizado precisa ser trocado por palavras de ação, por gestos efetivos que possam trazer a paz e a tranquilidade à sociedade.

O Estado não pode ser omisso, tampouco uma figura de linguagem. Precisa mostrar-se presente através de suas forças de segurança constituídas, pela destinação de recursos, pela mobilização política, pela participação da comunidade.

Não se admitem mais respostas evasivas. A única consequência esperada é ver o Estado personificado em seus representantes próximos, agora identificados pela responsabilidade que lhes cabe. É a hora de uma reação na mesma proporção da violência. Dura, objetiva, concreta e sem mais desculpas. Campinas não admite a possibilidade de voltar no tempo, de viver a época sombria do assassinato do prefeito Antonio da Costa Santos, em 2001. A história não pode se repetir.

E é justamente por isso, com a responsabilidade social que lhe cabe, que o Correio Popular inicia hoje uma nova cruzada contra o crime e em defesa da comunidade. A iniciativa tem dia certo para começar, mas nenhum prazo pré-estabelecido para acabar. A força-tarefa jornalística abrirá espaço para a participação da sociedade até que haja uma resposta efetiva e contundente dos aparatos de Segurança Pública a favor de Campinas e de seus cidadãos.

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