JOGO RÁPIDO

Um erro grave e intencional

Coluna publicada na edição de 10/4/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
09/04/2018 às 18:39.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:39

A arbitragem foi, de longe, o assunto mais comentado da final do Paulistão. O gol de Rodriguinho logo no início, o domínio improdutivo do Palmeiras, a capacidade de se defender do Corinthians e as brilhantes defesas de Cássio nos pênaltis ficaram em segundo plano. O assunto dominante foi a atuação de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, que marcou um pênalti sobre Dudu e, longos minutos depois, voltou atrás. Vendo e revendo o lance por algumas câmeras específicas é possível concluir que foi mesmo escanteio porque Ralf dá um leve toque na bola antes de atingir o atacante palmeirense. O fato de, no final das contas, ter marcado o escanteio não valoriza o trabalho de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, pelo contrário. Marcelo disse que foi avisado pelo quatro árbitro — melhor posicionado, segundo ele — de que não foi pênalti. Se tivesse sido mesmo dessa forma, a arbitragem teria agido de forma correta. Mas é difícil acreditar nessa versão. Um câmera do Esporte Interativo mostra todas as ações do árbitro e de seus auxiliares durante quase dez minutos. Para que a versão de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza fizesse sentido, seria necessário que o quarto árbitro o procurasse logo depois do lance. Afinal, ele teria visto com clareza que não houve penalidade. Sua primeira preocupação, nesse caso, seria avisar Marcelo o quanto antes. Mas não foi isso que aconteceu. A imagem mostra que, por vários minutos, não há nenhuma tentativa de aproximação por parte do quatro árbitro. Durante um bom tempo, ele apenas tenta administrar a reclamação dos reservas do Corinthians, enquanto Marcelo é cercado pelos atletas que estavam em campo. Só quando o quinto árbitro se aproxima do quarto e lhe diz alguma coisa é que as coisas começam a acontecer. O quarto árbitro entra em contato com Marcelo (o que teria feito imediatamente se tivesse visto o escanteio com clareza) e então o pênalti é cancelado. O Corinthians não tem nada a ver com essa lambança e comemora um bicampeonato que não conquistava desde 1982/83. Mas o comportamento da arbitragem foi lamentável. Tudo indica que, para “não errar” em um lance decisivo, a equipe de arbitragem utilizou informações externas, o que é proibido. Isso é muito pior do que errar na marcação de um pênalti, principalmente em um lance difícil como esse. Ao marcar pênalti num escanteio, Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza cometeu um erro técnico. Mas marcou o que ele acha que aconteceu. Ao usar informação externa para cancelar um pênalti, a equipe de arbitragem cometeu um erro gravíssimo e, pior de tudo, de forma intencional.

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