EDITORIAL

Um clamor humanitário em prol da vida

Com mais de 70 mil pessoas infectadas em Campinas, ninguém está isento de precisar de um leito de UTI, amanhã ou depois.

Correio Popular
16/03/2021 às 14:06.
Atualizado em 22/03/2022 às 01:58

Campinas registra hoje mais de 100 pessoas na fila de espera por um leito de UTI ou de enfermaria. Nos casos mais graves, um dia ou uma hora sem atendimento podem custar uma vida. De cada três pacientes que precisam ser intubados, dois morrem. Este é o cenário desalentador que se configurou nos hospitais da cidade desde o fim de fevereiro. Não obstante, o prefeito Dário Saadi tem mantido uma postura correta no enfrentamento da situação e tentado buscar saídas à crise sanitária — em que pesem as dificuldades de ordem prática causadas pela inoperância e falta de coordenação do governo federal, que têm afetado estados e municípios de forma mais ou menos parelha. Aqui não seria diferente.

Ontem, por exemplo, em reunião com diretores dos hospitais públicos e privados, Dário fez um apelo aos gestores para que redobrem os esforços no atendimento ao público, mesmo reconhecendo que, na maioria dos casos, não há estrutura adequada para isso. Em condições normais, tal apelo poderia ser facilmente repelido pelos administradores, eles também vítimas da secular falta de investimentos na área da Saúde. Na atual circunstância, porém, trata-se de um clamor humanitário que deve ser ouvido por toda a sociedade. Nunca a expressão “estamos todos no mesmo barco” fez tanto sentido. Com mais de 70 mil pessoas infectadas pelo coronavírus em nossa cidade, ninguém está isento de precisar de um atendimento emergencial, ou leito de UTI, amanhã ou depois.

Toda e qualquer disputa política que, por ventura, possa estar em jogo nas negociações por mais leitos, pela compra de mais vacinas ou por medidas que restrinjam a circulação de pessoas, deve ser interrompida imediatamente em prol da vida humana e de soluções que impeçam o crescimento do contágio e do número de mortos por covid-19 em Campinas. Este é o clamor que faz o Correio Popular, sabedor da responsabilidade que cabe à imprensa nos momentos de crise.

Não é aceitável que hospitais estejam omitindo a existência de leitos disponíveis, conforme rumores ventilados antes da reunião. Assim como não é aceitável a demora da Prefeitura em decretar o lockdown. Não nos resta muito tempo para impedir o colapso total do sistema de saúde.

Somos solidários aos gestores e aos funcionários dos hospitais, que há meses estão trabalhando sob grande pressão, e às famílias que perderam entes queridos para a doença. É hora de a sociedade se unir para evitar mais mortes. As arestas podem ser aparadas depois.

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