EDITORIAL

Um Carnaval para renascer das cinzas

Correio Popular
14/02/2013 às 08:10.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:42

Com um tema mais que previsível, o Carnaval de rua em Campinas somente não decepcionou porque a festa tem raízes e tradição muito fortes nos núcleos do samba. A dedicação dos foliões, a beleza internalizada de quem realmente acredita na força da festa fizeram a diferença e o desfile valeu para mostrar o enorme potencial que existe, mas aproveitado de forma inadequada.

Passada a euforia, é hora de se fazer um balanço do que se realizou e somar os prejuízos óbvios. As escolas de samba da cidade chegaram às vésperas do Carnaval de braços cruzados, à espera do mecenato público que lhes custeasse as despesas com o desfile. O resultado previsível foi o improviso, o arranjo de antigas fantasias, o aproveitamento de materiais, num jogo de faz de conta que chega a ser ofensivo ao público e que compromete a identidade de uma festa alegre e animada.

É verdade que não havia muito a fazer nesse início de gestão. A decisão que cabia era fazer o que fosse possível ou dar por encerrado o evento, como fizeram várias cidades da região, sob alegação de corte de despesas.

Neste ano, o tema campineiro foi Carnaval Novo Tempo, que consumiu R$ 1,2 milhão. O público estimado que compareceu à passarela do samba foi de 48 mil pessoas, superando as expectativas da Prefeitura.

O cancelamento dos trios elétricos certamente contribuiu para arrefecer o ânimo dos foliões, uma decisão que parece ter sido acertada, até porque veio no bojo de um propósito de realmente transformar o Carnaval de rua de Campinas numa festa que seja referência regional, mas que não seja com o esbanjamento de recursos públicos, tão escassos para setores essenciais, e que acabam não revertendo em uma estrutura realmente profissionalizada que funcione ao longo de todo o ano, como deveria ser.

O que se espera é que as intenções se transformem em ação, as escolas se organizem, ainda que com apoio oficial, cumpram com a obrigação de absoluta e transparente prestação de contas do dinheiro público, e preparem uma festa que ganhe corpo e dimensão ao longo dos anos. O novo secretário de Cultura mostra-se bem-intencionado e com expectativa de uma interação com os organizadores do Carnaval popular, mas é preciso mostrar mais que isso. O público foi escasso na festa deste ano. Talvez vire as costas definitivamente se o aceno for de mais desperdício de dinheiro e suspeições que não cabem no Carnaval profissionalizado que realmente se espera.

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