Um campeonato sem vantagem

A única vantagem dos times que realizaram as melhores campanhas na primeira fase do Paulistão é disputar a segunda partida em casa. Na verdade, mal dá para chamar de vantagem, já que cada time tem o direito de disputar um jogo diante de sua torcida. Em dois dos três casos em que houve empate no número de pontos e no saldo de gols a vaga ficou com o time de pior campanha em toda a competição. Esses dois casos ocorreram na semifinal. São Paulo e Palmeiras ficaram no 0 a 0 no Morumbi e no Allianz Parque. Nos pênaltis, o Tricolor avançou. O Corinthians venceu o Santos por 2 a 1 em Itaquera e foi derrotado por 1 a 0 no Pacaembu. Nos pênaltis, deu Timão. O Palmeiras fez 31 pontos no campeonato, oito a mais do que o São Paulo. Nas três vezes em que se enfrentaram, o Tricolor não marcou nenhum gol e sofreu um. Ainda assim, teve o direito de decidir nos pênaltis. O mesmo se aplica a Santos e Corinthians. O Peixe fez 30 pontos, quatro a mais do que o rival. Nos três confrontos diretos, tudo igual: quatro pontos e dois gols para cada um. Ainda assim, o regulamento determinou que a decisão fosse para os pênaltis. Palmeiras e Santos não têm motivos para reclamar, já que as regras foram estabelecidas antes do início do torneio. Não há injustiça ou algo assim. Mas fica claro que a Federação Paulista deve rever esse aspecto nas próximas edições, até mesmo para valorizar a primeira fase. Mas eliminados fazem parte do passado. Hoje começa a grande decisão entre São Paulo e Corinthians, que não se encontram na final do Paulistão desde 2005. E, nesse regulamento sem vantagem, o time de pior campanha sabe que disputar a primeira partida em casa não é tão ruim assim. Dos seis duelos realizados até agora, em quatro a vaga ficou com o time que abriu o mata-mata em casa. O retrospecto recente do São Paulo em clássicos é péssimo e, fora de casa, é pior ainda. O Tricolor já disputou dez partidas na Arena Corinthians e não venceu nenhuma. É fundamental fazer um bom jogo hoje para ir a Itaquera com alguma vantagem. Vejo o Corinthians como favorito, apesar da péssima atuação na derrota para o Santos e da ascensão recente do Tricolor. É improvável que o time de Fábio Carille faça uma partida tão ruim novamente em uma final, mas é hoje, no Morumbi lotado, que a equipe de Cuca precisa mostrar que tem força para impedir o tricampeonato histórico do rival. Será o jogo do entusiasmo de um time jovem que ninguém esperava ver na final contra uma equipe pragmática que, sob o comando do mesmo treinador, foi campeã em 2017 e 2018. Acho que vai dar Corinthians, mas a simples presença de ambos na decisão já indica que o favoritismo não tem sido determinante neste Paulistão.