Coluna publicada na edição de 23/10/19 do Correio Popular
Professor assistente de filosofia e ex-jogador de badminton, Rachel McKinnon se destaca mesmo no ciclismo. No sábado, conquistou em Manchester o bicampeonato do Mundial Feminino de Ciclismo de Pista Masters. Durante etapa classificatória do mesmo torneio, cravou o novo recorde mundial. Os feitos expressivos de Rachel são bastante contestados porque se trata de um atleta trans, que nasceu e cresceu homem, mas agora se vê como mulher. A foto em que Rachel McKinnon aparece ao lado das ciclistas que completaram o pódio já revela como é injusto permitir que atletas trans tenham o direito de competir com mulheres. A diferença entre o corpo do “campeão” e os de suas adversárias é gritante. Rachel é mais alto, forte e musculoso do que qualquer outra ciclista. Evidentemente, um homem biológico que tem a “coragem” de competir nessas condições não enxerga — ou diz não enxergar — suas enormes e injustas vantagens. Além de negar as evidências, Rachel ofende quem não concorda com a presença de homens em provas femininas. Victoria Hood, ex-campeã de ciclismo, criticou o bicampeão. “A ciência está aí e diz que é injusto. O corpo masculino, que passou pela puberdade masculina, ainda mantém sua vantagem, que não desaparece. Eu tenho simpatia por trans. E eles têm o direito de praticar esportes, mas não o direito de entrar em qualquer categoria que desejarem”, analisou Victoria, com biológica coerência. Rachel respondeu com sua visão particular do que é o esporte: “Campeões de verdade querem adversários mais fortes. Se você ganha porque o fanatismo proíbe seu concorrente de competir, então você é uma perdedora”. A declaração é cínica e covarde. Cínica porque se “campeões de verdade” querem adversários mais fortes, Rachel deveria competir com outros homens. E covarde por chamar de “perdedoras” aquelas que querem o direito óbvio de competir apenas com atletas do mesmo sexo. Perdedora será cada atleta mulher que não se manifestar em defesa do esporte feminino. Rachel McKinnon pode se ver como bem desejar no meio social, mas, por motivos óbvios, jamais deveria disputar competições femininas. O Comitê Olímpico Internacional foi criado em 1894 e apenas em 1936 veio a reconhecer mulheres como atletas olímpicas. E o COI vai causar danos terríveis ao esporte feminino se demorar mais 42 anos para reconhecer que homens não podem competir com mulheres. A ciência e a biologia possuem argumentos de sobra para contestar campeões covardes e cínicos como Rachel.