HARMONIZAÇÃO

UM CAFÉ PARA CADA MOMENTO

Funcional: grãos, torras e coagens diversos dão ao café a capacidade de combinar com refeições leves

Eduardo Gregori
18/10/2012 às 13:46.
Atualizado em 26/04/2022 às 20:19

Café da manhã ideal é aquele de fazenda, feito no fogão a lenha, com quitutes caseiros, pães, bolos frutas, frios, geléias, leite gordo, um bom café coado no pano e tudo mais que só quem tem tempo, está de férias ou mora no campo pode se dar ao luxo de degustar. Para quem corre contra o relógio, o café da manhã tem que ser rápido e muitas vezes não inclui nada além da própria bebida.

Diante do pouco tempo para se fartar em uma mesa no desjejum ou no almoço e jantar, o café pode assumir um papel importante, contribuindo para dar energia logo no início do dia e também prolongando a sensação de prazer após uma boa refeição.

Assim como o vinho é perfeitamente possível harmonizar os mais diversos pratos com o café. Para isso, basta eleger grãos, torras, aromas e coagens que se fundem, revelando, intensificando ou se contrapondo ao que está na mesa. “Muitas pessoas, principalmente quem aprecia o café, já discutem o assunto, nos pedem conselhos e fazem suas harmonizações”, explica Claudia Leite, gerente de café para a América Latina da Nespresso.

De acordo com a especialista, as propriedades de cada tipo podem ser exploradas e, desta forma, equilibrar o paladar, revelando sabores em cada item do que está sendo degustado com a bebida. “Você pode escolher qualquer tipo de café para acompanhar um bolo de laranja, por exemplo. Porém, se você come o bolo com um café intenso, que tenha notas de caramelo, ele irá matar o sabor do bolo. Se o café é suave, com notas florais, irá enaltecer a laranja”, explica.

Energia pela manhã

Tirar proveito dos nutrientes e dos sabores do café é uma experiência que pode começar logo pela manhã. Stella Gross, barista da rede Fran’s Café, afirma que o desjejum pede a bebida em sua forma mais intensa e com maior poder nutritivo. Entre elas o espresso grande, o cappuccino, o machiatto e o café latte. “Esses tipos de bebidas combinam com os elementos do café da manhã, como os pães e frutas. Por serem mais complexos, irão intensificar as notas de aromas, o sabor e a textura”, explica a barista.

Ainda pela manhã, além da união de sabores e aromas proporcionada pela harmonização, o café pode ser preparado para espantar a sonolência. “Alguns elementos presentes naturalmente no café, como a cafeína e ácidos cloregênicos, contribuem para dar boa disposição, energia e afastar o sono. A forma de preparo extrai uma maior ou menor quantidade desses elementos. O espresso ou o café preparado em coador de papel ou de pano tem quantidade superior de cafeína em sua composição”, afirma a especialista.

Lanchinho antes do almoço

Se durante a manhã, antes do almoço, bater uma fome, o café também tem o seu lugar como coadjuvante, principalmente os gelados, misturados com leite e até mesmo com frutas. “Os cafés gelados, como o capuccino, harmonizam bem com sanduíches leves, ou até mesmo com saladas, tortas e quiches. Tornam as refeições leves, mais saborosas e refrescantes”, avalia Stella. Até mesmo em uma reunião de negócios é possível pensar qual o tipo de café mais adequado.

Para Cláudia Leite, a bebida para um encontro corporativo deve ser o mais suave possível, o que significa poder apreciá-la mais de uma vez, sem a preocupação com algum desconforto que a bebida, em sua forma intensa, possa desencadear em pessoas mais sensíveis a ela, ou ainda com algum tipo de sabor que possa ficar marcado, por conta da intensidade. “Um café suave é o ideal porque as pessoas vão estar envolvidas no trabalho e não precisam se preocupar com o número de xícaras vão tomar”, explica a especialista.

Uma tradição brasileira

Arrematar o almoço com um cafezinho é um hábito quase sagrado. Seja o espresso ou o coado no pano, a bebida faz parte da cultura brasileira. Quem não abre mão desse pequeno prazer, pode aproveitar o momento e experimentar combinações. É preciso levar em conta se a refeição incluirá ou não a sobremesa. Se a opção for sem o açúcar dos doces, então uma escolha que prolongue um pouco mais o sabor do prato principal é o espresso.

Diana Rohwedder, chef de fila do Ateliê do Café, do The Palms, orienta que o ideal é o espresso sem açúcar. “Adoçar altera totalmente o sabor, além de interferir também e aroma”, afirma. Se o almoço incluir sobremesa, então o mais indicado são os cafés suaves. “Ao escolher um tipo mais suave após um cheesecake ou uma torta de chocolate, ele fará com que os sabores doces tenham uma maior permanência na boca”, avalia Cláudia Leite.

O café pode ser uma opção até mesmo para o final de noite. Se a cafeína é um estimulante natural e pode interferir no sono, quando ingerido em altas quantidades, os descafeínados ou com baixo teor de cafeína são próprios para quem quer uma bebida quente antes de cair na cama. “É preciso quebrar o paradigma de que café forte e intenso é aquele com mais cafeína. O que libera a cafeína é o tempo de contato do café com a água. Desta forma, um café consumido assim que passado terá menos cafeína do que aquele que fica mais tempo em uma garrafa térmica. Por isso, cafés com pouca cafeína e os descafeinados podem ser bebidos à noite. É uma descoberta”, explica a especialista da Nespresso.

Carona na alta gastronomia

A combinação entre café e gastronomia chamou a atenção da Nespresso.

A marca suíça promoveu o encontro do chef argentino Mauro Colagreco e de Alexis Rodriguez, colombiano especialista em café para criar um blend a partir de técnicas de cocção empregadas na alta gastronomia. A dupla assina o a edição limitada Crealto, produzida através de grãos arábicas da Indonésia e Américas Central e do Sul.

A torra, de acordo com Colagreco e Rodriguez, foi feita como na cozinha, mais longa e meticulosa, o que permitiu a extração de cada aroma e sabor, resultando em notas harmoniosas e duradouras de torrado. “Para o desenvolvimento desse café, nos inspiramos no espírito criativo e nas técnicas de Mauro Colagreco, o que resultou no perfil de sabor único do Crealto, revelando notas harmonizadas e com um final prolongado, obtido por meio de torrefação longa”, explica Rodriguez.

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